sexta-feira, maio 01, 2009

minha mãe

Nome: Maria Helena.
Idade: 19 anos.
Única foto que possuo.
Era o dia do casamento.
Nasceria eu,
dois meses depois.
Seguir-se-iam
trabalhos, maus-tratos,
privações, torturas,
abusos.
Pelo caminho
três filhos
e alguns abortos.
Clandestinos.
Foi um deles que a levou
no dia 1 de Maio de 1952
Tinha 23 anos.
ausência que me dói.
ainda.

26 comentários:

com senso disse...

Uma bela homenagem a sua Mãe, uma jovem mãe, que apenas quis viver a própria vida, mas que o destino e as condições da época e do país atrasado em que vivia fizeram partir permaturamente.
Há ausências que, passem os anos que passarem, deixam sempre uma tristeza impossível de remediar.
Um post que me sensibilizou muito.
Um abraço solidário.

Maria disse...

Sem palavras...

Abraço-te.

ABRIL DE NOVO disse...

Uma belíssima e sentida homenagem, que é ao mesmo tempo um retrato passado da condição da mulher. Bem-haja!

clara disse...

Muito impressionante.Um abraço.

associação abril disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jorge Castro (OrCa) disse...

Sinto essa Mãe viver em ti.

Beijos.

Manuel disse...

Um beijo muito afectuoso do seu
Manuel Sá Marques

Paula Raposo disse...

Um beijo, Júlia.

Teresa David disse...

NÃO CONSIGO CALCULAR O QUE SERÁ, A MINHA MÃE FEZ NESTE 1º DE MAIO 91 ANOS.
NÃO LEVES A MAL A FALTA DE VISITAS EU CADA VEZ TENHO TIDO MENOS DISPONIBILIDADE PARA ANDAR PELOS BLOGS E OS OUTROS POSSIVELMENTE ACONTECERÁ O MESMO.
UM ABRAÇO PARA TI
TD

Raquel Vasconcelos disse...

Realmente... sem palavras... e quantas mulheres ainda hoje sofrem em silêncio...

Beijo grande

Anónimo disse...

Todas nós temos um carinho muito especial pela tua mãe e por tudo o que ela representa. Ela teve a sorte de ter uma filha, tu, que fez com que a sua memória nunca se apagasse. Bem hajas por isso.
Margarida Moreira

Ana disse...

Obrigada, Júlia, por nos teres apresentado a tua Mãe. Grande mulher foi, sem dúvida. Herdaste-lhe a força e a vontade de viver para continuar a sua luta.
Parabéns Maria Helena, geraste uma mulher, também ela de convicções fortes e que continua a lutar por elas.
Obrigada Júlia. Um beijo grande.

João Videira Santos disse...

Poucas palavras numa singela homenagem, palavras de dor numa lembrança permanente.

Lastimo que tenha vivido e viva com a mágoa dessa privação.

gritomudo disse...

mt obrigado pela sua visita.
de salto em salto fui ter ao seu outro blog.
Post - José Dias Coelho - pintor.
sempre q escuto a voz do Zéca a referir-se ao Dias Coelho, choro.
Choro por ele
Choro pelo Zéca
Choro por Portugal
Choro por todos nós
Choro pelo sonho que dizia Pessoa.
Falta cumprir-se Portugal

GRITOMUDO

Júlia Coutinho disse...

Para todos, o meu MUITO OBRIGADA.
Desde sempre, mesmo em miúda,usei apenas o apelido da minha mãe. Simplifiquei a minha assinatura oficial para que o nome dela perdurasse.
A sua memória deu-me força.
Quando a lei do aborto foi aprovada, senti que era também uma vitória da minha mãe e de todas as mulheres que, como ela, ficaram pelo caminho. Finalmente eram justiçadas.

Conceição Paulino disse...

Júlia há partilhas que necessitam ser agradecidas. Esta uma delas. Uma mulher de garra e luta que deixou testemunho vivo em ti.
Bjs
Luz e paz

Angela disse...

Ausência de mãe dói sempre ... e é para o resto da vida!

Eduarda disse...

Cara Júlia.
Passeando pela blogosesfera,acabei recolhendo-me nesta sua almofada!
Fiquei especialmente comovida, com a forma como me transportou para emoções, que pensava já lngínquas.
Afinal ainda sofro, com o que desejaria esquecer.
Também tenho uma mãe sofrida, com 86 anos, cujas mensagens do passado, ainda não fugiram da sua mente, pese embora o mau tempo já tivesse terminado há 17 anos.
Tudo por ela faço, tudo por ela estimo,tudo de mim a ela ofereço.
A recepão é boa, mas, o férvido do casamento que manteve durante quase cinquenta anos, são um estorvo, para aceitar o que de bom hoje a vida lhe oferece.
Vou fazendo tantativas várias, esse é o meu caminho.
Bem haja, por tudo.
Eduarda

Violeta disse...

Júlia
não tenho palavras porque essa é uma dor imensa...

EDUARDO POISL disse...

Olha,
a palavra parada;
Luta,
por letras ocultas;
Ouça,
os versos internos
Solta,
a nudez poética;
Escreva-se,
poesia
ao menos um dia,
Seja.

(Maísa)

Desejo uma linda semana com muito amor, esperança e carinho.
Abraços.
Eduardo Poislmorothr

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

ABRAÇO_A!
_______ JRMARTO

Mel de Carvalho disse...

Júlia,
visito poucos blogs. Não conhecia o seu, lamentavelmente.

Ofereço-lhe o caminho dos meus e a certeza de que será, em qualquer dos dois muito bem recebida.

Um beijo fraterno e companheiro
Mel
www.noitedemel.blogs.sapo.pt
(poesia)

ou
o link que deixo aqui no comentário
(prosa)

Tomo a liberdade de a linkar.

associação abril disse...

Esta homenagem à tua mãe é também uma homenagem universal a todas as mães do mundo, como ela vítimas do obscurantismo e da discriminação. Mas também às outras mães que apesar de não sofrerem como ela, com ela/s estão solidárias. Solidárias também contigo, na saudade e no abraço, que da forma mais terna e carinhosa revelas o ser sensível e excepcional que és.
Um beijo com carinho,
Guadalupe

Madrigal disse...

Eu, confesso, não imagino o que vai ser de mim um dia que perca a minha mãe. Apesar de ter quase 50 anos, sei que os seus 75 anos, as suas doenças, inspiram o apelo cruel da morte. Tenho consciência absoluta de que vou perder a minha maior amiga e não sei como vou lidar com isso..

Um beijo terno

Jorge

Tupac disse...

Lindo!... sei que não precisas de mais palavras minhas... Um beijo.

Isabel Rodrigues disse...

Olá Júlia, descobri o seu blogue por um mero acaso e ainda estou a apreciá-lo.

Lembro, com muita tristeza, o primeiro referendo ao aborto, não só pelo resultado mas também pelo nível de abstenção. Fui votar com a minha filha de dois anos pela mão. Votei sim!

Neste segundo referendo finalmente foi reposto um direito fundamental à mulher que, infelizmente, ainda continua a ser muito discriminada.

Infelizmente a sua mãe não pôde usufrir desse mesmo direito, mas está aqui você, a continuação da sua mãe, com a oportunidade de continuar a luta pelos mais desfavorecidos.

Bem-Haja!