O Vaticano apelou aos católicos para que retirem o apoio financeiro à Amnistia Internacional (AI), devido a esta organização defender a despenalização do aborto.
"A Igreja Católica deixará de financiar a Amnistia Internacional devido à mudança de posição decidida", anunciou oficialmente o Cardeal Renato Marino, presidente do Conselho Pontifical Justiça e Paz.
"Jamais recebemos fundos do Vaticano, ou de entidades que dependem da Igreja Católica. Isso garante-nos a independência da organização como previsto nos nossos estatutos", desmentiu Riccardo Noury, porta-voz da secção italiana da AI.
Por sua vez, Kate Gilmore, subsecretária-geral da AI, afirmou em entrevista à Reuters: "Defendemos o direito da Igreja tratar de crenças morais. Mas um projecto de direitos humanos é para tratar do Estado, do estado de direito, e para criar um ambiente no qual as pessoas possam fazer escolhas morais como indivíduos".
O cardeal Renato Marino afirma em comunicado que "a suspensão de todos os financiamentos à Amnistia Internacional da parte, tanto das organizações como dos indivíduos católicos", é a "consequência inevitável", do "volte-face" da ONG quanto ao aborto.
"A Igreja Católica, por meio de um relato mal representado da nossa posição sobre aspectos selectivos do aborto, está a colocar em perigo o trabalho com os direitos humanos", respondeu Kate Gilmore. "Não se trata do aborto como um direito, trata-se do direito das mulheres a serem livres do medo, da ameaça e da coação ao gerirem as consequências do estupro e de violações aos direitos humanos", afirmou ainda.
"Se o cardeal fosse a Darfur e se colocasse entre [vítimas de estupro] e as pedras atiradas contra elas, aí ele poderia falar outra vez sobre se a Amnistia tem ou não integridade para se manter firme pelos direitos humanos", acrescentou Kate Gilmore que acusou o Vaticano de tentar injustamente "excomungar" a AI, sublinhando que a ONG vai "continuar a fazer campanha pela protecção da Igreja Católica" nas áreas onde houver discriminação religiosa.
Já em 1996, o Vaticano anunciou a suspensão da ajuda financeira à UNICEF, o fundo das Nações Unidas para a infância, que também acusou de promover o aborto.
A UNICEF difundia nos campos de refugiados de todo o mundo uma informação sobre um espermicida pós-coito destinado a jovens mulheres ou adolescentes vítimas de violação.
O financiamento do Vaticano à UNICEF elevava-se na altura a cerca de 2.000 dólares por ano.
2 comentários:
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Pois é!
O Vaticano tem destas coisa, ainda estão com mentalidade do tempo da "imquisição".
Só vão a locais seguros, Darfur não, a miséria também inoja o Papa.
Só vão onde possam fazer campanha pelo Ocidente, América Latina, Cuba para acabar com o Socialismo, e agora como irão fazer com o resto desta américa?
China para fazerem contra-propaganda, ao Iraque não!
É assim a política, dizem que não se imescuem na política, mas que a praticam praticam.
Fica bem
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