Sabem os que me conhecem o lugar primordial que os livros assumem na minha vida. Como ocupam praticamente todo o espaço da minha casa. Como as livrarias e os alfarrabistas são os locais que mais visito. Quão confortável me é a sua companhia. E como não saberia viver sem eles.
Este amor pelos livros vem-me de miúda. Ainda não sabia ler e já ficava fascinada por quaisquer letras impressas. Pode parecer genético ou fruto do ambiente em que me criei, mas a verdade é que nasci numa casa sem livros e no seio de uma família onde apenas os homens tiveram direito a instrução. Livros, apenas aqueles onde o meu avô assentava o deve e o haver dos pinhais negociados ou das horticolas vendidas.
Acontece que ontem, inesperadamente, tive um encontro feliz com uma livraria recheada de livros raros e de onde trouxe duas preciosidades.
Fui com uma amiga ouvir jazz a um espaço lúdico-cultural lindíssimo, a Fábrica Braço de Prata, onde no antigo regime funcionou uma fábrica de material de guerra. Não foi a primeira vez que frequentei este local, mas foi a primeira vez que me detive mais atentamente na livraria que ali funciona. E foi uma surpreza perceber que a mesma se chama Livraria de Fundos, SA, precisamente porque se compõe de inúmeros fundos de editoras e distribuidoras desaparecidas, alguns já não em muito bom estado, é verdade, mas onde se podem encontrar preciosidades para os amantes dos livros.
Encontrei então duas obras belíssimas: uma História de Angola, publicada inicialmente pelo MPLA, em Argel, em Julho de 1965 e reeditada pela Afrontamento em 1975, e um exemplar de MFA, Dinamização Cultural e Acção Cívica, editada pela Ulmeiro e com as assinaturas de todos (ou grande parte) dos intervenientes nas mesmas iniciativas cívicas, como a de Carlos Paredes, Moniz Pereira, José Viana ou a de Vespeira, o autor do símbolo do MFA.
Ontem foi o meu dia (noite) de sorte.
2 comentários:
Livros, grandes mestres e companheiros. Sem emoções, sem caprichos, estão sempre prontos a darem-nos apoio.
Agradeço a visita ao Do Miradouro e o comentário lá deixado. Volte mais vezes e comente, para enriquecer os temas ali colocados.
Cumprimentos
A. João Soares
Sinto o mesmo. Como te compreendo. O que mais me entristece é emprestar livros que nunca mais me são devolvidos. E tenho a casa a abarrotar mas não consigo desfazer-me deles.
Beijinho,
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