Sidónio Muralha (1920-1982) por Fernando Lemos |
Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.
Ninguém fala em parar ou regressar
Ninguém teme as mordaças ou algemas
- o braço que bater há-de cansar
e os Poetas são os próprios versos dos poemas.
Versos brandos... Ninguém mos peça agora.
- Eu já não me pertenço: sou da Hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.
Sidónio Muralha, in Passagem de Nível, «Novo Cancioneiro», Coimbra, 1942, pp.22-23
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