quarta-feira, novembro 11, 2009

Parabéns, Nuno Ramos !


Nuno Ramos, escritor e artista plástico (n. 1960)

 

O escritor e artista plástico Nuno Ramos acaba de ganhar o prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, com o livro "Ó". E eu, orgulhosa de o ter como amigo, daqui lhe envio um enorme abraço.

Como artista plástico, tivemo-lo em Lisboa o ano passado (meu post de 25/6/2008), onde apresentou, pela primeira vez, uma excelente exposição individual na Galeria Bernardo Marques, depois de há anos ter integrado uma colectiva na Fundação Calouste Gulbenkian, exposição que Rocha de Sousa distinguiu no Jornal de Letras.
Luso-descendente, Nuno Ramos é filho do português Vitor Ramos, que daqui fugiu à ditadura no início dos anos cinquenta e no Brasil casou, fez carreira académica brilhante, tendo sido fundador e dirigente do jornal Portugal Democrático, em São Paulo, e figura-chave da comunidade oposicionista. Vitor Ramos manteve uma constante militância antifascista e foi com enorme júbilo que assistiu à queda da ditadura no dia 25 de Abril (curiosamente o dia do seu 54º aniversário) mas um AVC fulminou-o quando se preparava para dar um salto a Lisboa e mostrar o seu país aos filhos, falecendo repentinamente de emoção (ou de felicidade, como diz o Nuno) no dia 3 de Maio de 1974. Não chegou a saborear o seu país libertado.

"A herança cultural mais preciosa é o próprio acto de ler. Vivemos tempos extraordinários e não podemos intimidar-nos com as mudanças" disse, quando ontem recebeu o prémio literário disputado entre brasileiros e portugueses, onde se contavam nomes como António Lobo Antunes, Inês Pedrosa, José Luis Peixoto e Gonçalo M. Tavares.



edição brasileira

edição portuguesa, pela Cotovia
























Formado em Filosofia, Nuno Ramos tem sido distinguido sobretudo como artista plástico, mas a sua enorme sensibilidade leva-o para outras formas de arte, passando pela pintura, desenho, escultura, cenografia e ensaio, sendo este o seu quarto livro. Antes publicara "Cujo", em 1993, "Balada", em 1995 e "O Pão do Corvo" em 2002. Considera-se um não alinhado, ou, como diz, um anti-artista de massas.

"111" foi a sua primeira exposição individual, em 1992, dedicada ao massacre dos presos políticos na Casa de Detenção de São Paulo, mais conhecida como Carandiru.

Em 2000 vence o concurso internacional para a construção de um monumento à Memória dos Desaparecidos durante a ditadura militar chilena.

Como pessoa, o Nuno Ramos é um ser humano extraordinário. Por mim, considero que este prémio que agora o distingue é um bocadinho português também.

Parabéns ao Nuno, à Sandra (mulher), à Dulce Helena (mãe) e a toda a família Ramos!


julia coutinho





3 comentários:

anareis disse...

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Madrigal disse...

Cara Júlia.

Partilhamos algumas paixões comuns, todas elas interligadas: os livros, a leitura e a escrita. Eu já não me me consigo imaginar viver sem esta trilogia de prazeres.

Um beijo para ti e parabéns pela tua nobre missão de divulgação literária.

Jorge

Álvaro Andrade disse...

Conheci o Balada e vim parar aqui.

Bacana mesmo.

abraço.