sexta-feira, janeiro 28, 2011

Parabéns, Maria Amelia Chaves!


Nasceu em 28 de Janeiro de 1911. Faz hoje 100 anos.

Foi a primeira mulher a ter a «ousadia» de entrar para o Instituto Superior Técnico, em 1931.

Foi a primeira mulher a licenciar-se em Engenharia Civil, pelo IST, em 1937.

Foi a primeira mulher a inscrever-se na Ordem dos Engenheiros.

Foi também a primeira pessoa de engenharia a desenvolver cálculos antissismicos nas construções, tendo sido, por isso, relatora no I Congresso dos Sismos, realizado em 1955.

Exerceu a profissão até aos 90 anos.

Tem cinco filhos, 11 netos e 9 bisnetos.

Maria Amélia Chaves foi pioneira num reduto de homens, mas teve no pai, João Carlos Pires Ferreira Chaves, um militar republicano, o seu maior aliado.

Deu-me a honra de uma longa conversa que será publicada no próximo número da revista Faces de Eva, a sair em Maio.

Parabéns, Maria Amélia!



Nota: sabe-se que a 1ª mulher a frequentar um curso técnico de engenharia civil, pela Escola Politécnica do Porto,  foi Rita Morais Sarmento, em finais do século XIX, porém não se encontram as fontes primárias que atestem o seu percurso académico; o curso não era superior, o que no Porto só acontece a partir de 1915 com a
fundação da Faculdade de Engenharia; sabe-se que constituíu família e faleceu em 1931.  Também nunca exerceu. Maria Amélia Chaves foi a primeira engenheira civil formada pelo Instituto Superior Técnico, a nova escola científica no pós-República. Foi também a primeira mulher a exercer totalmente a profissão, num mundo dominado por homens. A primeira a ir para as obras, fiscalizar. A primeira a assinar projectos e a acompanhar a construção dos mesmos. Pode, por isso mesmo, ser considerada a Primeira Engenheira Civil Portuguesa. Com toda a legitimidade.


quarta-feira, janeiro 26, 2011

Política e Justiça na I República, vol. I (1910-1915)



Política e Justiça na I República,
Um regime entre a legalidade e a excepção
vol. I (1910-1915)
de
Luís Bigotte Chorão


Quinta-Feira, dia 27 Janeiro, pelas 18H30,
no Espaço Justiça, Ministério da Justiça, Terreiro do Paço
Apresentação pelos profs. Fernando Catroga e António Hespanha


«O estudo que agora se publica constitui o primeiro de um conjunto de três volumes que, sob o título Política e Justiça na I República, Um regime entre a legalidade e a excepção, tem por objectivo analisar e reflectir historicamente a experiência política que se iniciou com a fundação da República, em Outubro de 1910, e se estendeu ao longo de dezasseis anos incompletos para soçobrar ingloriamente na sequência das desencontradas, mas, a final, vitoriosas arrancadas de Maio de 1926.
Admitindo-se as vantagens da exposição segundo a ordem cronológica dos acontecimentos, ocupamo-nos neste primeiro volume dos anos 1910-1915 que correspondem essencialmente ao mandato revolucionário do Governo Provisório e à constitucionalização do regime com a eleição de Manuel de Arriaga como Presidente da República, cujo mandato acabaria por ser interrompido pelos acontecimentos de 14 de Maio que colocaram fim ao Governo Pimenta de Castro.

O segundo volume cobrirá os anos de 1915-1920 e o terceiro os anos do fim da I República, devendo ser acrescentado de três estudos autónomos sobre a Constituição Política de 1911, a liberdade e a censura e, por fim, sobre a política e justiça colonial republicana.»

 
Lá estarei para abraçar o meu amigo Luís.
Foi um privilégio ter trabalhado com ele.



terça-feira, janeiro 18, 2011

Portugal e os cidadãos de primeira

Vitor Alves (30.09 .1935 - 9.01. 2011)

Crónica de António de Sousa Duarte publicada no Público de 12 de Janeiro 2011


PORTUGAL E OS CIDADÃOS DE PRIMEIRA

As mortes de Vítor Alves, capitão de Abril, e do cronista cor-de-rosa Carlos Castro mostram algumas evidências sobre o país.

Separadas por escassas horas, as mortes do coronel Vítor Alves, "capitão de Abril", e do cronista "cor-de-rosa" Carlos Castro tiveram o condão de fazer notar uma vez mais algumas evidências sobre Portugal e os portugueses que nunca será de mais destacar. Na verdade, mesmo admitindo as macabras circunstâncias em que Castro foi assassinado e os requintes de malvadez de que foi aparentemente vítima, não parece normal que tal facto tenha merecido tão esmagadoramente maior espaço mediático do que o desaparecimento de um dos principais símbolos da Revolução do 25 de Abril de 1974 e destacado operacional da construção do processo democrático.

Vítor Alves faleceu domingo, cerca de 36 horas depois da morte, em Nova Iorque, de um colunista social conhecido por se dedicar há décadas a analisar os factos da actualidade "cor-de-rosa" nacional. Considerado em muitas das biografias espontâneas que dele nos últimos dias chegaram ao nosso conhecimento como "um cidadão de primeira", Vítor Alves foi um homem probo, sério, rigoroso, sensível que contribuiu de forma decisiva - antes e depois do dia 25 de Abril de 74 - para o actual regime democrático em Portugal. Vítor Alves, que integrou, com Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho, a comissão coordenadora e executiva do MFA (Movimento das Forças Armadas), foi o autor do primeiro comunicado dirigido à população no dia 25 de Abril e o militar que foi o porta-voz do Movimento. Mas as exéquias mediáticas de Vítor Alves foram curtas, muito curtas, se levarmos em conta a importância do seu legado e o impacte informativo que outros factos da actualidade suscitaram e de que é exemplo, sublinho, a vaga noticiosa relativa à morte de Carlos Castro.

O país trocou "um cidadão de primeira" por uma "história de segunda", mas o desiderato é positivo: chancela-se a morte do militar, político, ministro e conselheiro da Revolução em rodapés a correr e baixos de página e atribuem-se honras de Estado... mediático ao assassinato do cronista (não cronista social como alguns lhe chamam, como se Carlos Castro e Fernão Lopes fossem páginas do mesmo livro...) e às incidências macrotrágicas em que foi encontrado o seu corpo após alegada tortura, castração e assassinato. Mas a responsabilidade de todo este "estado a que - de novo e citando Salgueiro Maia - chegámos" não é do povo. Porque não é o povo que edita jornais, blocos noticiosos, telejornais ou sites.

Nem é o povo o responsável por Marcelo Rebelo de Sousa ter dedicado ontem, no Jornal da TVI, mais tempo de antena à morte de Carlos Castro do que ao desaparecimento de Vítor Alves.

António de Sousa Duarte
Ex-jornalista, consultor de comunicação, doutorando em Ciência Política

domingo, janeiro 16, 2011

No adeus ao Capitão de Abril, Vitor Alves (1935-2011)


Major Vitor Alves (1935-2011)



Faleceu no dia 9 de Janeiro o major Vitor Alves, um dos gloriosos Capitães de Abril.

Deixou-nos mais um membro desta «ínclita» e generosa geração que soube dar um «novo mundo» ao nosso mundo e devolver-nos a Liberdade com o 25 de Abril.

É lamentável que a morte deste Homem a quem os portugueses tanto devem, tenha merecido tão pouca atenção por parte da comunicação social que praticamente ignorou a sua morte e o seu funeral, tendo preferido homenagear  à exaustão o cronista social cuja morte ocorreu sensivelmente na mesma altura.

Pergunto-me: como é possível? quais os valores que determinam as prioridades jornalísticas neste país? quem são as pessoas que dirigem os nossos orgãos de comunicação social? Onde ficam os supostos valores éticos do jornalismo? não consigo entender.

O documento que aqui deixo é da autoria de Teresa Alves, sua mulher, e foi por ela lido durante as cerimónias fúnebres, tendo sido distribuido aos presentes.

Trata-se de um documento emocionante que traduz o percurso de um Homem bom e a serenidade de uma vida cumprida.

Sejamos dignos da sua Memória!


Julia Coutinho

























































sábado, janeiro 01, 2011

Os meus amigos Miró e Elis Regina

Os meus amigos de quatro patas: Miró (branco) e a Elis Regina




«Escolho os meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
(...)
Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade estupidez, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.»


Oscar Wilde