quinta-feira, dezembro 31, 2009

Helena Pato: O primeiro Réveillon no exílio



O meu primeiro réveillon triste

A década de 60 mal começara e, em Paris, eram ainda poucos os exilados políticos – uma dezena, se tanto.

Eu e o Alfredo Noales tínhamos acabado de chegar e o Inverno deixava-nos infelizes, de ossos tão gelados quanto a alma, porque as nossas roupas não eram adequadas ao frio daquelas temperaturas negativas. Entrámos no “Café du Luxembourg”, sacudimos a neve dos casacos, consolados pelo quentinho do interior, e abraçámos os amigos com quem íamos jantar. Uma ceia simples de fim de ano. As vidraças do café – pintadas com dizeres da época, palavras muito coloridas, sinos e azevinho – lembravam-nos que agora os natais e as festas Bonnes Fêtes! iriam ser assim, em francês. Comovíamo-nos e disfarçávamos. Todos. Era melhor que me fosse habituando: de futuro, a nossa família no dia-a-dia seriam aquelas pessoas que estavam ali – a Maria Padez e o Jacques Kotzky, o António José Saraiva e a Maria Lamas. A Stella e o Fernando Piteira Santos ficavam pouco tempo, estavam de passagem, a caminho de Argel. O Lopes Cardoso e a Fernanda também não ficariam em Paris. Companheiros da luta anti-fascista em Portugal, cuja idade rondava os quarenta, cinquenta anos, pareciam-me, no entanto, gente idosa (Espantoso!)…

Estávamos todos muito aperaltados, fiéis à solenidade da noite – nós, mulheres, elegantes mas simples, eles de fato e gravata – e conversávamos sérios (ou tristes) acerca de acontecimentos negros do mundo. Nos meus vinte e poucos anos, quase criança, eu chorava para dentro – de saudades. Só António José Saraiva tinha um aspecto leve – estava de camisola, palrava contente, parecendo já adaptado ao exílio. Fazia anos nesse dia 31, eu tinha-lhe oferecido um cachecol amarelo e ele agradecia-mo com uma narrativa colorida, marcante, que desembocara na “Comuna de Paris”. Como depois, no futuro, ensinava-me História sem o saber, ou sem parecer que o fazia. Hoje, é a Serge Reggiani que roubo as palavras com que o recordo nesse jantar.

“Et voilà qu´il fit un rude hiver / Cent congestions en fait-divers / Volets clos, on claquait des dents / même dans les beaux arrondissements / Et personne n´osait plus, le soir, / affronter la neige des boulevards! /
Alors…
Cent loups
Ouh! Ouh! Ouh!
Cent loups sont entrés dans Paris…”


Falávamos agora de França, para não falarmos de Portugal nessa noite.
Na minha frente, o Alfredo não me perdia de vista, companheiro protector, amante. E eu devolvia-lhe os olhares, feliz por instantes. Como nos versos da canção de Juliette Greco:

“ J´arrive, j´arrive /Mais qu´est-ce que j´aurais bien aimé / encore une fois remplir d´étoiles un corps qui tremble et tomber morte/ brulé d´amour, le coeur en cendres / J´arrive, j´arrive”.

O exílio começava ali.

Helena Pato
Dez.2009




Notas Biográficas:

Helena Pato e Alfredo Noales conheceram-se na Faculdade de Ciências de Lisboa, onde ambos estudavam, no final dos anos 50. Casaram em 1960. Noales, então jornalista da República, foi obrigado a fugir em Outubro de 62, na sequência das prisões que ocorreram após as greves estudantis e o 1º de Maio de 62. Helena juntou-se-lhe mais tarde.
Noales adoeceu com cancro, em 1964, e só foi autorizado pela PIDE a regressar «quando os médicos que o tratavam declarassem por escrito que tinha apenas um mês de vida». Assim foi: chegaram a 3 de Novembro de 65, a PIDE estava à espera dele no aeroporto, foi buscá-lo às escadas do avião e levou-o para interrogatório em cadeira de rodas. Sem qualquer respeito. Morreu a 2 de Dezembro de 65. Helena prosseguiu na luta clandestina até à Revolução de Abril e conheceu os calabouços da PIDE. Professora de Matemática, muito a ela se deve a fundação do Sindicato dos Professores, bem como o MDM - Movimento Democrático de Mulheres, uma velha ambição de Maria Lamas com quem conviveu no exílio.

Helena Pato recordou tudo isto em «Saudações, Flausinas, Moedas e Simones», um livro editado pela Campo das Letras, em 2006.
Estas e outras histórias da luta e da resistência antifascistas têm sido por si testemunhadas no blog
Caminhos da Memória. 
Aqui fica a minha homenagem.

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Fim de Ano na BARRACA

http://www.abarraca.com/online/main.html

ESPECTÁCULO DE FIM DE ANO

Preço único: 30€ - Espectáculo + Tango pela noite dentro no Bar A Barraca

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Venha divertir-se com A BARRACA

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Cronica de Natal e Presepio em 2009


Crónica de Natal e Presépio em 2009


quem sabe o que é o Natal?
dos anjos? dos passarinhos? dos sinos? dos azevinhos?
ou de um et coetera e tal
que vem por bem ou por mal em festa do eterno início?

desse início-recomeço festa ao rés do precipício
das passadas que não meço nem se me dá de ser vício
mas que não seja só prendas
daquelas com que pretendas dar sustento ao artifício

eu gosto dela quentinho
com boa mesa – bom vinho – amizades e carinho
e ter no fundo a certeza de que o universo todo
no desconcerto é certinho

muito lamento entretanto que o Homem-do-saco
o tal
sendeiro – bruxo – macaco
que me atormentava tanto em pequeno – vejam lá
ao crescer é o Pai Natal
hipotecando-me em prendas o dia que lá virá

no presépio o burro afoito de tanto correr no emprego
está com as pernas num oito
arfando desassossego

e sorte tem ele
vereis
pois que a ovelha – coitada – sem emprego nem dez reis
deixou no prego os aneis p’ra dar aos filhos consoada
depois de tanto mungida
depois de tão tosquiada

talvez com usurpação
de nome que se daria ao cordeiro do Senhor
um dos tais filhos da dita
que no meio da desdita lá chegou a ser doutor
com Bolonha de permeio
bacharel – licenciado – pós-graduado – mestrado
é hoje uma mais-valia por elevada função
de caixa em supermercado

a vaca palhas rumina e teme a avaliação
que penalize auto-estima
ou que lhe apouque a pensão

mais ao fundo os três reis magos
aos camelos dão afagos aprestando-se à viagem
pois os camelos – coitados – com dois dedos de forragem
cobrem caminhos sem fim sem gasóleo nem portagem


São José
Virgem Maria
trocando olhares entendidos da miséria dia-a-dia
em que se encontram perdidos na busca do que não há
pensarão porque se adia a ida pr’ò Canadá
ou para a Austrália quiçá
na ânsia de um novo dia
que lhes traga a alegria de viver que não há cá

já o Menino Jesus
antevendo milagreiro essa desgraça de truz
de vir a morrer na cruz por ser ele o agnus dei
ou só por ser carpinteiro
pensa com as suas palhinhas na play-station brincando
na perdição das alminhas que se deixam ir tentando
compradas por sucateiro que faz das prendinhas lei

brilhante só a estrela
que brilha e brilha e rebrilha como se o mundo fosse ela

aparece na tv essa magna maravilha
dando o corpo aventureiro em fugaz telenovela
consta até que tem prevista
uma carreira de artista e romance com banqueiro
esse nem está neste enredo
tem um consórcio com o medo – outro com a alta finança
vende presépios a eito – compra armamento sem jeito
sempre em favor da criança (tem lá por casa dois netos…)
importa fatos de treino – carros – pessoas – faiança
negoceia sentimentos – dá de barato os afectos
para cumprir o preceito: «venha a nós o vosso reino»
que mais dia menos dia salvará a economia

que fazer? bradar aos céus?
renas por cá? ora adeus
frango capão – bacalhau – polvo – peru do Natal
estes sim são cá dos meus

rabanadas – aletria – se calhar uma filhó
bem regadas de alegria
em memória de uma avó que sem ela eu nem seria

com um abraço aos amigos que hão-de ficar contentes
e um outro aos inimigos mesmo com ranger de dentes
que bem visto é como os figos
mesmo sem flor dão sementes

quanto ao mais – concidadãos
aprendei a dar as mãos contra o que der e vier
que p’lo Natal sois irmãos
e o Natal sempre vem – disse-o um poeta tão bem
quando algum homem quiser.

Boas Festas e Feliz Natal!


Jorge Castro
Dez.2009

Feliz Natal

sábado, dezembro 19, 2009

Feliz Natal


Tempo de Luzes


É um tempo coado
de azevinho.
Com odores de doce

e de memória

O colo da mãe
em desalinho.
A cor da ternura

na demora

É um tempo de luzes
e de linho.
Com sussurros

de cristal e de romã

Lonjura que nos traz
o som de um sino.
Onde o sonho se mistura

com a manhã


Maria Teresa Horta
Natal 2009



PS - obrigada, querida Teresa.

Não esquecemos: 19 Dezembro 1961

Na Morte do Zé

Para quê cantar-te, Amigo, se o meu canto
não pode dar-te a vida, estremecida?
Para quê chorar-te, Amigo, se o meu pranto
é gota de uma dor tão sem medida?

Não choro nem canto. Apenas grito
como uma fera ferida em pleno peito.
Vingança, negro alento e pão maldito,
não são sustento nem leito.

Teu corpo ensanguentado jaz no solo,
a mágoa de perder-te é sem consolo.
E mais não posso, Irmão, que a voz se embarga.
É noite. O tempo é frio. A esperança amarga.


Carlos Aboim Inglez


Nota:
- José Dias Coelho, artista plástico e membro do PCP, foi assassinado pela PIDE no dia 19 de Dezembro de 1961. Carlos Aboim Inglez, seu camarada e amigo, casado com uma irmã do artista (Maria Adelaide), encontrava-se preso, em Peniche. Foi aí que soube da notícia e escreveu este poema, que veio a ser publicado no livro póstumo, Soma Pouca, edições Avante, 2003.
- Retrato da autoria de João Abel Manta, outro amigo íntimo de José Dias Coelho.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Tributo a Zeca Afonso

Jantar/Tertúlia de homenagem a Zeca Afonso, organizada pela Associação Abril.
Dia 18 de Dezembro, 6ª feira, às 20 horas
Eu vou lá estar.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

A crise da República e a Ditadura Militar

Da autoria de Luis Bigotte Chorão, será apresentado dia 15 de Dezembro, pelas 18h30,
na Sala do antigo Tribunal Militar de Santa Clara.
Encontramo-nos por lá.

Não se brinca com facas

Primeiro romance do meu amigo José António Barreiros, que será apresentado amanhã,
dia 15 Dezembro, pelas 18H30, no Espaço Chiado, em Lisboa.
Porque conheço a sua escrita, sei que vai ser um êxito.
Merecido.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Agenda Feminista 2010


A Agenda Feminista 2010, As Mulheres e a República, será lançada amanhã, dia 9 de Dezembro, pelas 17h, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa (Paços do Concelho).
Eu vou lá estar.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Ary dos Santos faria hoje 72 anos.

Jose Carlos Ary dos Santos (7.12.1937 - 18.1.1984)



Meu Camarada e Amigo

Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmão suando pão
sem casa mas com razão.
Revejo e redigo
meu camarada e amigo

As canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
sem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e poesia tem de ser
como um cavalo que passa.

É por dentro desta selva
desta raiva deste grito
desta toada que vem
dos pulmões do infinito
que em todos vejo ninguem
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e Amigo.

Sei bem das mós que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estão doendo
àqueles que não falaram.

Calculo até os moinhos
puxados a ódio e sal
que a par dos monstros marinhos
vão movendo Portugal

- mas um poeta só fala
por sofrimento total!

Por isso calo e saejo
eu que só tenho o que fiz
dando tudo mas à toa:

Amigos no Alentejo
alguns que estão em Paris
muitos que são de Lisboa.
Aonde me não revejo
é que eu sofro o meu país.

José Carlos Ary dos Santos, in «Resumo»

Nota:
este poema foi-me dedicado e lido publicamente no dia dos meus anos, 1 Dezembro, pela minha amiga e ex-camarada do PCP, Carla Patrício.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Hoje é o meu dia


AMIZADE

Para a Júlia Coutinho

És a minha amiga
fogo e água

A luta e a ternura
a dar um laço

Cuidando solidária
em nó de afecto

És a minha amiga
força e frágil



Maria Teresa Horta
Nota: Um presente muito especial no dia em que assinalo a passagem do meu 62º anivesário e que me deixou sensibilizadíssima. Obrigada minha querida Teresa.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Parabéns, Nuno Ramos !


Nuno Ramos, escritor e artista plástico (n. 1960)

 

O escritor e artista plástico Nuno Ramos acaba de ganhar o prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, com o livro "Ó". E eu, orgulhosa de o ter como amigo, daqui lhe envio um enorme abraço.

Como artista plástico, tivemo-lo em Lisboa o ano passado (meu post de 25/6/2008), onde apresentou, pela primeira vez, uma excelente exposição individual na Galeria Bernardo Marques, depois de há anos ter integrado uma colectiva na Fundação Calouste Gulbenkian, exposição que Rocha de Sousa distinguiu no Jornal de Letras.
Luso-descendente, Nuno Ramos é filho do português Vitor Ramos, que daqui fugiu à ditadura no início dos anos cinquenta e no Brasil casou, fez carreira académica brilhante, tendo sido fundador e dirigente do jornal Portugal Democrático, em São Paulo, e figura-chave da comunidade oposicionista. Vitor Ramos manteve uma constante militância antifascista e foi com enorme júbilo que assistiu à queda da ditadura no dia 25 de Abril (curiosamente o dia do seu 54º aniversário) mas um AVC fulminou-o quando se preparava para dar um salto a Lisboa e mostrar o seu país aos filhos, falecendo repentinamente de emoção (ou de felicidade, como diz o Nuno) no dia 3 de Maio de 1974. Não chegou a saborear o seu país libertado.

"A herança cultural mais preciosa é o próprio acto de ler. Vivemos tempos extraordinários e não podemos intimidar-nos com as mudanças" disse, quando ontem recebeu o prémio literário disputado entre brasileiros e portugueses, onde se contavam nomes como António Lobo Antunes, Inês Pedrosa, José Luis Peixoto e Gonçalo M. Tavares.



edição brasileira

edição portuguesa, pela Cotovia
























Formado em Filosofia, Nuno Ramos tem sido distinguido sobretudo como artista plástico, mas a sua enorme sensibilidade leva-o para outras formas de arte, passando pela pintura, desenho, escultura, cenografia e ensaio, sendo este o seu quarto livro. Antes publicara "Cujo", em 1993, "Balada", em 1995 e "O Pão do Corvo" em 2002. Considera-se um não alinhado, ou, como diz, um anti-artista de massas.

"111" foi a sua primeira exposição individual, em 1992, dedicada ao massacre dos presos políticos na Casa de Detenção de São Paulo, mais conhecida como Carandiru.

Em 2000 vence o concurso internacional para a construção de um monumento à Memória dos Desaparecidos durante a ditadura militar chilena.

Como pessoa, o Nuno Ramos é um ser humano extraordinário. Por mim, considero que este prémio que agora o distingue é um bocadinho português também.

Parabéns ao Nuno, à Sandra (mulher), à Dulce Helena (mãe) e a toda a família Ramos!


julia coutinho





quinta-feira, outubro 29, 2009

Francisco Castro Rodrigues: Um Cesto de Cerejas

Editado pela Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, numa excelente organização (introdução e notas) de Eduarda Dionísio, estas conversas com Francisco Castro Rodrigues vêm colmatar uma grande lacuna e fazer luz em muitos factos ocorridos na Lisboa político-cultural dos anos quarenta e inicios de cinquenta do século passado.
Francisco Castro Rodrigues, que nasceu em Lisboa em 1920 e se formou em arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, dá-nos conta das suas memórias enquanto estudante, dirigente do Sindicato dos Arquitectos Portugueses e da Sociedade Nacional de Belas-Artes, activista político ligado ao PCP e ao MUD Juvenil, a cuja comissão central pertenceu, bem como das prisões pela PIDE que o levou aos calabouços com Mário Soares, Júlio Pomar, Rui Grácio, António Abreu, José Carlos Gonçalves e muitos dirigentes e aderentes juvenis naquele fatídico 1947.
Castro Rodrigues viveu intensamente o antes e o após Segunda Guerra Mundial, as lutas para que os artistas plásticos oposicionistas tivessem onde expôr as suas obras, e conta-nos como conseguiram ganhar as eleições na SNBA, em 1946, correndo com as direcções caducas que ali se mantinham e revitalizando aquela instituição, nomeadamente com a organização das EGAP's (Exposições Gerais de Artes Plásticas) que duraram de 1946 a 1956.
Com uma memória prodigiosa, Castro Rodrigues faz juz à memória de homens como Mário Dionísio, colocando no seu devido lugar o protagonismo fundamental que este assumiu em toda a luta oposicionista até 1952, altura em que saíu do PCP.
Na verdade Mário Dionísio foi e é uma figura incontornável da cena cultural portuguesa, e, inquestionavelmente um homem-chave na emergência e consolidação dos movimentos politico-sociais de então, como o MUNAF, o MUD, a CEJAD e outros, devendo-se a ele, MD,  a direcção da organização das EGAP´s, de forma discreta, como era da sua índole, mas com a força do carácter que também revestia. É dele, aliás, a introdução (não assinada) do catálogo da primeira EGAP, em Maio de 1946. E só veio a afastar-se das mesmas quando muitos dos artistas plásticos deixaram de cumprir o princípio da «obrigatoriedade de não pactuar com o regime», cedendo ao SNI na ida de alguns à Bienal de São Paulo em 1953.
Francisco Castro Rodrigues também se afastou do PCP (embora se mantivesse comunista) e foi viver para África, para o Lobito, em 1954, onde deixou obra e se manteve até meados dos anos oitenta.
Hoje vive nas Azenhas do Mar, ainda bastante atento e interveniente, como sempre, mas com  dificuldades de locomoção que necessariamente o limitam.
Um livro imprescindível para investigadores, sobretudo quando se sabe que, inexplicavelmente, as actas das reuniões da direcção da SNBA, precisamente dos anos 40/50, desapareceram. Pelo menos é o que nos dizem. Porque há muitos anos que os investigadores não têm acesso à biblioteca e aos arquivos da SNBA. 


Nota: Francisco Castro Rodrigues faleceu no dia 2 de maio de 2015, no Hospital de Santa Maria onde estava internado.  Nascera em Lisboa a 1 de Outubro de 1920. Tinha 94 anos.

sábado, outubro 24, 2009

Hoje: A Paleta e o Mundo


A Casa da Achada, Centro Mário Dionísio, vai iniciar, hoje, o Ciclo A Paleta e O Mundo, sendo esta primeira sessão organizada por Luis Miguel Cintra que lerá e debaterá um capítulo do livro com jovens criativos artísticos.
Eu vou lá estar.



sexta-feira, outubro 23, 2009

Jose Saramago e as polemicas que suscita

Jose Saramago (1922-2010)

Gosto de José Saramago. Desde sempre. Desde que tomei contacto com a sua escrita, muito antes de ser conhecido como escritor, muito antes de ser Nobel da Literatura. Tenho todos os seus primeiros livros e apenas um assinado «Que farei com este livro?» e no qual ele simpaticamente colocou a dedicatória: «para a Julia Coutinho que sabe muito bem o que fazer com este livro». Foi numa Festa do Avante, em 1981, numa sessão de autógrafos onde estavam também o António Lobo Antunes, Fernando Lopes Graça, Alexandre Cabral, Armindo Rodrigues e Manuel da Fonseca, quase todos falecidos há muito. Lamentavelmente, não voltei a ter nova oportunidade. Agora é impossivel recolher autografos de Saramago, a não ser que se tenha muita sorte ou muita paciência para esperar horas infindáveis.

Admiro a sua escrita, tal como admiro a postura do cidadão José Saramago. Admiro a sua coragem por ter iniciado uma carreira aos 50 anos, em momento de desespero, quando estava desempregado. Admiro a sua perseverança, o seu trabalho árduo e contínuo. O assumir as origens humildes e o seu didactismo. Admiro a sua imensa cultura. Os seus credos e convicções e como se mantém fiel aos idearios de sempre. A lucidez que o leva a assumir posições que considera justas ainda que isso lhe custe dissabores. A coragem de seguir o seu próprio caminho. A independência que ainda agora o levou a apoiar publicamente António Costa para a Câmara Municipal de Lisboa, e que muitos não lhe perdoam. Tal como outros lhe não perdoam ter ganho o Nobel.

Indignei-me com as atitudes discriminatórias de que foi vítima no consulado de Cavaco Silva e envergonhei-me com a incultura dos «nossos» homens da cultura daquele governo. Aceito o seu iberismo e achei natural que tenha decidido viver em Espanha, até porque é casado com uma espanhola e aquele país o trata exemplarmente, como ainda recentemente se verificou com a exposição: A Consistência dos Sonhos.

Apenas uma coisa não entendo em Saramago: a forma como retirou dos seus livros a dedicatória à sua companheira de muitos anos, a escritora Isabel da Nóbrega. Eu ainda tenho os livros «dedicados à Isabel», mas as novas edições subtrairam essas dedicatórias. Apagou-as. Sei que a Pilar é a «mulher da sua vida». Mas, para quê reescrever a História?

A propósito do seu último livro, Caim, e da onda de protestos que as suas afirmações sobre a Bíblia estão a desencadear, acho-os patéticos, falsos e puritanos. José Saramago tem todo o direito em se expressar livremente. A arte não pode nem deve ter limitações e muito menos o direito à liberdade de expressão conquistada com a revolução de Abril. E quanto ao videirinho que advoga a sua purga da nacionalidade, um dia só será lembrado pelos piores motivos, pelo ridículo da situação, como acontece com Sousa Lara. Aliás todo este processo faz-me lembrar o que se passou há uns anos com Salman Rushdie e Os Versículos Satânicos. Lembram-se como então nos indignámos?

José Saramago é português. Nunca abdicou da sua nacionalidade. Tem aqui família. Tem casa em Lisboa, vem regularmente a Lisboa, é fiel à editora portuguesa que o lançou, a Caminho, (quando outras lhe viraram as costas), mantém actividades culturais regulares no nosso país e paga integralmente os impostos ao Estado Português, a que muitos «bons portugueses» frequentemente se esquivam. José Saramago só prestigia Portugal.

Pessoalmente, ateia como sou, sinto-me agradecida por Saramago ter exprimido publicamente o que penso acerca da Bíblia e das religiões em geral: são uma farsa.

 Julia Coutinho


Nota posterior: José Saramago faleceu em 18 de junho de 2010. As suas cinzas encontram-se divididas por Lanzarote, junto à casa onde viveu os últimos anos e por Lisboa, junto à Fundação José Saramago, que é dirigida pela viúva, Pilar del Rio. 
E sim, acabei por ter um outro autógrafo do nosso Nobel, precisamente no último livro que lançou, em vida, Caim. Assisti ao lançamento, na Culturgest, e devo a Pilar o privilégio de uma dedicatória quando o escritor apenas assinava para não ser demasiado violento. Foi um fim de tarde memorável.

quinta-feira, outubro 15, 2009

In Memoriam de Ramiro Correia (1937-1977)

Ramiro Correia e Martins Guerreiro, «capitães de Abril»

No dia em que faria 72 anos, gostaria de recordar este generoso «capitão de Abril», uma das peças fundamentais no xadrez da Revolução de 25 de Abril.
Membro da Comissão Coordenadora do Programa do MFA da Marinha, fez parte da Junta de Salvação Nacional a partir de 3 de Maio 74; membro da 5ª Divisão do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que dirigiu, coordenador principal da Comissão Dinamizadora Central (Codice) e membro do Conselho da Revolução, a Ramiro Correia se deve essa grande iniciativa do MFA depois do 25 de Abril: a dinamização cultural junto do povo português, através das Campanhas de Dinamização Cultural e Esclarecimento Cívico do MFA por si idealizadas e postas em prática.

Participa na elaboração do Documento-Guia do Projecto da Aliança Povo-MFA, aprovado pela Assembleia do MFA em 8 de Julho de 1975. É autor ainda de «MFA-Dinamização Cultural e Acção Cívica», testemunho vivo da experiência das diversas campanhas, de como se procuraram adaptar aos condicionamentos locais, às populações e aos seus problemas. De como os artistas da nossa praça (cantores, pintores, musicos, actores) conseguiram levar a cultura a locais e populações que nunca antes tinham tido qualquer contacto a esse nível.

Depois de ter sido «expulso» do Conselho da Revolução por «redução de efectivos» e de lhe ter sido retirada a direcção da 5ª Divisão, foi desgraduado do posto de capitão-de-mar-e-guerra por uma portaria do Conselho da Revolução em 21 de Outubro. Cerca de um mês depois dá-se o 25 de Novembro e logo a seguir a Codice é extinta juntamente com as últimas campanhas de dinamização.

Perseguido pelo poder emergente do 25 de Novembro, e depois de uns meses durante os quais escreveu «MFA e Luta de Classes», Ramiro e a familia seguem para Maputo onde são colocados (ele e mulher, médicos) no Hospital Central. Como ele próprio disse na altura: «Moçambique aparece-me no horizonte como experiência de solidariedade internacional».
E foi ali, no dia 16 de Agosto de 1977, quando toda a família passeava na Baía do Bilene, que o barco se virou e todos morreram, excepto o filho mais velho, Ramiro Bernardino, que conseguiu nadar para terra.

No dia 12 de Outubro de 1977 os corpos de Ramiro, Isabel e Nuno chegam a Lisboa e ficam em câmara ardente na capela de S. Roque, no Ministério da Marinha, no antigo Arsenal. Em recolhimento, ladeando as urnas, entre os avós e restantes familiares e amigos, o pequeno Ramiro Bernardino, de 9 anos, recordava incrédulo «... a minha mãe pode ser que esteja aí, porque a vi a boiar, mas o meu pai e o meu irmão não estão... Quando o meu pai me mandou embora para terra ele vinha a nadar com o meu irmão às costas. Às vezes olhava para trás e via o meu irmão agarrado ao pescoço do meu pai...»

No dia 13 de Outubro, cerca das 17,30 horas, o cortejo fúnebre seguiu a pé direito ao Alto de São João, parando em Alfama que o viu nascer, e, por entre uma multidão que engrossava e fundia no mesmo pesar militares e civis, cantava-se «Grândola Vila Morena», «A Portuguesa» e gritava-se «MFA». «MFA», «MFA».

Mário Soares, então primeiro-ministro do I Governo Constitucional, não compareceu nem se fez representar. Portugal, a nível institucional, esteve ausente nas cerimónias fúnebres deste militar de Abril. O que levou Manuel de Azevedo a escrever no Diário de Lisboa de 15:

«Caro amigo: eu estive no funeral de Ramiro Correia e vi as lágrimas correr. Eu vi as lágrimas correr dos olhos do povo. Eu vi as lágrimas. Caro amigo: eu estive no funeral do capitão de Abril morto num acidente nos mares de Moçambique (...)
Caro amigo; eu estive no funeral do ex-conselheiro da Revolução e não o vi a si. E dói-me, dói-nos a todos os antifascistas que continuam a sê-lo, que você lá não estivesse. E contudo Ramiro Correia era um homem dos homens de Abril a quem você deve poder ter sido primeiro-ministro do primeiro Governo Constitucional. E contudo você esteve no funeral do cardeal Cerejeira, o companheiro e mentor de Salazar.
Não basta, no dia 5 de Outubro, dar vivas à República, e ao 25 de Abril. É preciso viver-se no dia a dia a Revolução de Abril.»


Manuel Begonha, no elogio fúnebre:
«Era um homem que desprezava a vaidade. Tolerante, era ao mesmo tempo, implacável para quem, responsavelmente, tentasse perpetuar o estado de aviltação do povo português. Era, aliás, um homem simples e cativante, de uma estatura intelectual e humana invulgares. Ramiro Correia morreu, mas o seu espírito, o seu exemplo, a sua obra, continuarão a iluminar as noites do nosso desencanto»

Fernando Piteira Santos:
«Homens como Ramiro Correia são sementes do Futuro»

João Varela Gomes:
«No retrato que nos fica de Ramiro Correia não há a mais pequena mancha de traiçoeira ambiguidade, o mais ligeiro tremor de vacilação. Fita-nos de frente, com um olhar cristalino de água, o sorrir prevenido e levemente amargurado do revolucionário lúcido e experimentado. Despedimo-nos do nosso companheiro, irmão tão breve que foi.
(...) O teu exemplo, esse permanecerá herança do Povo Português, dos Povos do Mundo, legado precioso e fecundo de um HERÓI DO NOSSO TEMPO. E nós nomearemos o tempo, como tu nos exortas a fechar o teu livro.»

Martins Guerreiro:
«Ramiro Correia deixou-nos uma proposta e uma experiência. Cabe-nos agora extrair os ensinamentos dessa experiência e aceitar essa proposta: contribuir para a transformação da qualidade de vida do povo português, afirmando a sua cultura e capacidade. No seu legado contam-se as sementes bastantes para que a Revolução Cultural e a das mentalidades se tornem uma realidade. Algumas dessas sementes estão já a germinar, e novas plantas crescem no terreno fértil do Povo. Depende de todos nós fazê-las florir.»


Ramiro Pedroso Correia nasceu a 15 de Outubro de 1937 na Rua do Salvador 18-1º, em Alfama, mas cedo os pais, Bernardino Correia e Fernanda Rosa Pedroso Correia, mudaram para a Rua Sousa Viterbo, 23-2º Dto, ao Alto de São João, onde decorreram a infância e a adolescência do jovem Ramiro.

Faz o 7º ano no Liceu Gil Vicente, sendo um grande activista desportivo. Frequenta o 1º ano de Medicina em Lisboa, passa depois para Coimbra, e termina o curso em Lisboa, em 1966, já depois de casado com a também médica Isabel Lacximy, com quem tem dois filhos: Ramiro Bernardino e Nuno Ramiro.

Em finais de 1966, já depois de formado, ingressa na Marinha com o posto de segundo-tenente na classe dos médicos navais, tendo estagiado na Escola Naval e no Hospital de Marinha. Mais tarde parte para Moçambique a bordo da fragata Álvares Cabral. É promovido a primeiro-tenente em Janeiro de 1970. Desembarca em Angola, em Março de 1971, e presta serviço como médico em Santo António do Zaire.
Publicou, em 1973, um livro de poesia «Na Clivagem do Tempo».

«A ponte é estreita
rapazinho negro
Mas dá bem para nós dois
lado a lado.
(...)
A ponte não é estreita
E há-de ligar-nos no Futuro»


Aderiu ao Movimento dos Capitães no inicio de 1974.

Julia Coutinho

Bibliografia:
Ramiro Correia, Soldado de Abril, por Eduardo Miragaia, Joaquim Vieira e Manuel Vieira, editado por FRASE - Cooperativa Editora, SCRL, s/d

 

quarta-feira, outubro 14, 2009

Obrigada a todos

Carissimos amigos,

Os resultados do passado dia 11 deram a vitória, por maioria absoluta, ao Dr António Costa para presidir à Câmara Municipal de Lisboa. Conseguimos UNIR LISBOA em torno do nosso candidato. Todos estamos de parabéns!

Foi o culminar de um longo processo que começou em Abril com o lançamento do movimento do Apelo a uma Convergência de Esquerda para Lisboa, passou depois pelo movimento Claac - Cidadãos Lisboetas apoiam Antonio Costa, e, finalmente, pelos Serviços de Candidatura da lista UNIR LISBOA.

Gorados que foram os objectivos iniciais de levar os partidos da esquerda (CDU e BE) a entenderem-se com o PS e apresentarem uma lista única, foi possível, graças ao carácter humanista e dialogante de António Costa transformar a candidatura UNIR LISBOA num projecto alargado de unidade com os movimentos Cidadãos por Lisboa, de Helena Roseta, e Lisboa é Muita Gente, de José Sá Fernandes.

Para além disso, muitos foram os independentes de esquerda que se juntaram para UNIR LISBOA, tendo-se conseguido uma dinâmica que extravasou todas as fronteiras partidárias, tal como evidencia a Comissão de Honra da candidatura e António Costa fez questão de sublinhar na noite da grande vitória.

Foi um erro os partidos da esquerda não se terem unido para uma candidatura e um programa comuns. Um erro que nos podia ter sido fatal, correndo-se o risco de entregar a CML ao candidato da direita. Felizmente o eleitorado lisboeta, numa atitude de grande maturidade política votou ao arrepio das posições partidárias tendo penalizado fortemente a CDU e, sobretudo, o BE.

Os cidadãos lisboetas têm memória (boas memórias) da coligação que governou Lisboa de 1989 a 2001 e do muito que a mesma permitiu realizar para o bem comum. Queriam e querem que os partidos se entendam porque, acima de qualquer partidarismo, precisam de quem trabalhe e lhes resolva os problemas. Os lisboetas conhecem António Costa, um homem que também esteve ligado à antiga Coligação e optaram, conscientemente, por dar-lhe a estabilidade necessária para governar a cidade.

Por mim, quero agradecer a todos que, directa ou indirectamente, me/nos acompanharam neste processo que agora chega ao fim. Todos fomos peças fundamentais para a vitória final.
Obrigada a todos! Foi uma honra trabalhar convosco.

Por fim, lembrar aqui dois amigos e colaboradores desde a primeira hora, ambos membros fundadores do movimento do Apelo à Convergência de Esquerda que, infelizmente, nos deixaram a meio do caminho: Raul Solnado (Mandatário para os Séniores) e João Vieira (da Comissão de Honra).

Sempre ao vosso dispôr.

Viva Lisboa!

Julia Coutinho

domingo, outubro 11, 2009

Parabéns, Martins Guerreiro !

Almirante Martins Guerreiro, «Capitão de Abril»

Há seres que nos transcendem. Seres imensos, «maiores que o pensamento» maiores que o seu tempo. Seres generosos que abraçam ideais e por elas pelejam. Seres solidários que lançam e criam pontes e diálogos. Seres verticais e incapazes de trair ou renegar. Lutadores que deixam rastro e sementeira por onde passam. Que respeitam o adversário e desconhecem a deslealdade. Que honram os Amigos e a Amizade. Que ficam para sempre.

O «capitão de Abril» Martins Guerreiro é um Homem assim. E eu, que o conheci melhor em 2005 no âmbito do movimento cívico Não Apaguem a Memória, de que ambos fomos membros fundadores, sinto-me particularmente privilegiada por ter trabalhado com ele, e, sobretudo por tê-lo como Amigo. Homem profundamente humano e íntegro o seu contacto engrandece os que com ele privam.

Nasceu a 11 de Outubro de 1940.

Parabéns, Amigo! Que possamos comemorar muitas mais vezes. E que este ano essa comemoração tenha um sabor diferente ...

sexta-feira, outubro 09, 2009

Luis de Barros: voto António Costa


Rigor contra o aventureirismo. Política enquanto serviço público, contra a politiquice de casos mal contados e acusações infundadas. Concepções urbanísticas que sirvam os munícipes, todos os munícipes, e não coisas, que só servem alguns. Seriedade contra frivolidade.

Assim oponho, convictamente, António Costa a Santana Lopes. O primeiro era uma criança invulgarmente culta e inteligente quando o conheci, nos anos setenta, ao lado da mãe, a jornalista Maria Antónia Palla, nas férias em Albufeira. Não voltei, desde então, a estar com ele. Mas acompanhei, com pessoal curiosidade, o seu percurso político. O que me permite, confiadamente, defini-lo como defini.

Ao segundo, nunca conheci pessoalmente. Mas, por dever profissional, segui atentamente o seu trajecto. O que, infelizmente, não me permitiu ter dele outra opinião senão a que expus.

Os outros candidatos da esquerda só contam para beneficiar Santana. São lamentáveis os rumos a que conduz a cegueira sectária.
Em tempos ainda de crise, a nossa Lisboa exige mais do que nunca uma gestão responsável. Estou certo de que só António Costa está apto a responder a esse desafio.

Luis de Barros
Jornalista

São Jose Lapa: voto Antonio Costa

 

Décadas de imobilismo, de laxismo, de pseudo burocracia raiando a corrupção tornaram Lisboa numa cidade muito semelhante a "uma instalação de um artista pós-moderno", uma cidade bombardeada: prédios fechados, lojas fechadas e lojas fechadas, escombros, buracos e buracos, água a correr desperdiçando-se... e esta luz magnífica a tornar tudo ainda mais visível.

Apoio António Costa, na esperança de ver Mães a poder passear os seus Filhos, sem terem obstáculos nos passeios onde os mais Velhos apoiados nas suas frágeis pernas e bengalas tantas vezes caem...

Apoio António Costa ESPERANDO QUE A CIDADE NÃO EXPULSE OS MAIS NOVOS EM DEMANDA DE RENDAS MAIS BARATAS NAS PERIFERIAS...

Apoio António Costa, na esperança que a construção de imóveis dê lugar à RECONSTRUÇÃO, que não se destruam os interiores (deixando as fachadas pateticamente fragilizadas e depois "maquilhadas") e se utilizem tantos e tantos novos materiais à disposição para a redefinição dos seus interiores assim reabilitados...

Apoio António Costa para que dos bairros desta nossa Lisboa, as pequenas lojas não continuem a desaparecer: mercearias, drogarias, padarias, lugares de fruta.

Sem elas, os velhos que não têm transporte próprio para acorrer aos hipermercados estiolam na sua difícil existência.

Apoio ANTÓNIO COSTA.



São José Lapa
Actriz / Encenadora

Fernanda Damas Cabral: voto Antonio Costa


DOMINGO

Na orla do mar azul
De um céu quase sem nuvens,
As águas, crespas, murmuram.
Jogam ao sol crianças
Na aragem primaveril.
Já outras param pensando
As formas do corpo alheio.
Os barcos, suaves, singram
Nos olhos de solitários
Cujos passos hesitantes
Pela praia se misturam
Aos de corridas e jogos
Da juventude esgotando-se.
As vozes chegam longínquas…
Meus passos deixam sinais
Que a tarde, ténue, adejando,
Aos outros misturará
Na orla do mar azul.

25-4-1948
JORGE DE SENA (1919-1978)

Em Homenagem ao Poeta finalmente justiçado

Em dedicatória a Lisboa e ao seu Candidato António Costa.

Fernanda Damas Cabral
Investigadora

Paulo Pires: voto António Costa

Apoio a candidatura encabeçada por António Costa, porque acredito na continuidade de um bom trabalho, num desempenho Sério e com Amor pela Cidade, Medidas e Ideias certas para a nossa Lisboa.

Julgo indispensável pensar uma Capital Europeia sem falar de necessidades tais como as apresentadas no programa da candidatura Unir Lisboa; onde a par com outros importantes e urgentes objectivos para a Cidade constam também a Cultura e a Ecologia como apostas determinantes para uma Lisboa de Futuro.

Quero Sonhar com uma Cidade mais Habitada, mais Limpa, mais Segura, mais Competitiva, mais Verde, mais Bonita... Melhor!!

Quero apoiar o projecto Unir Lisboa e acredito que se vai trabalhar arduamente para que estes objectivos se tornem realidade.


Paulo Pires
Actor

Jose Fernando Vasco: voto Antonio Costa

Apoio António Costa porque acredito na sua seriedade, na credibilidade da sua equipa e na dimensão humana da sua candidatura e do seu programa político.
Apoio António Costa porque acredito que irá constituir um governo para a cidade de Lisboa, um governo dos cidadãos, pelos cidadãos e para os cidadãos.

Apoio António Costa porque o nosso presidente soube construir as pontes de diálogo para um entendimento político e uma ideia para a cidade de Lisboa, alargados a um vasto conjunto de personalidades que acreditam que as pessoas são o coração de Lisboa.
António Costa porque acredito que o nosso presidente e a sua equipa têm todas as condições para prosseguir um trabalho sério e difícil, mas apaixonante e profundamente humano e cívico, de reconstrução da cidade de Lisboa, a minha cidade de adopção mas que profundamente amo.

Apoio António Costa porque para o nosso presidente todas as pessoas, todos os cidadãos de Lisboa são igualmente importantes para a revitalização da nossa amada Lisboa.

José Fernando Vasco
Professor

Zé Pedro (Xutos): voto Antonio Costa




Antes de mais, quero agradecer ao presidente António Costa, a sua presença, no concerto dos Xutos.

Em seguida, quero dizer-lhe que é o presidente que Lisboa precisa, e que confio que irá ter todas as condições, para exercer um bom novo mandato.

Acreditando muito em si, desejo-lhe o melhor para esta campanha que agora começou.

Estou e estarei a seu lado

Obrigado António Costa

Obrigado Cidadãos de Lisboa

Zé Pedro (Xutos)
Músico

Rui Morisson: apoio António Costa


Caro António Costa,

Lá para Fevereiro, vai nascer-me mais um neto.

Mais um bebé de Lisboa.

Um filho, neto, bisneto, trineto de Lisboa.

Quero mostrar-lhe o rio e as pontes.

Molhar-lhe os pés no Cais das Colunas.

Subir as colinas.

Levá-lo ao Castelo.

Dar-lhe o biberon no Estádio da Luz, porque no de Alvalade dá-lhe o pai.

Quero brincar com ele nos parques, jardins, ruas e avenidas.

Quero que ele tenha passeios.

Quero que ele respire Lisboa.

Quero que ele brinque muito por esta Lisboa fora.

Que a ame, respeite e defenda.

Como nós.

Porque COM LISBOA NÃO SE BRINCA.

Conto consigo.

Um abraço.


Rui Morisson
Actor

Francisco Nicholson: apoio António Costa


Alfacinha de gema, lisboeta militante, eterno apaixonado pela minha cidade, apoio, convictamente, António Costa porque quero o melhor para Lisboa.

Francisco Nicholson
Actor / Autor

João Grosso: voto António Costa

Sonho com uma cidade verde. Sofro quando vejo árvores maltratadas ou arrancadas ou quando passo por ruas que as acolhiam e agora acolhem automóveis.

Sonho com uma cidade limpa. Não tolero a sementeira de cocós nos passeios e nos relvados públicos, nem os recantos mictórios, nem as lixeiras que teimam ficar.

Sonho todos os dias, ao sair de casa, como seria bom respirar menos monóxido de carbono. E eu gosto de automóveis.

Sonho com uma cidade que não seja a dos ricos condomínios, que não seja um estaleiro de destruição de um rico património arquitectónico.

Sonho com um comércio de qualidade sem que isso signifique "levaram-me o couro e o cabelo".

Sonho com uma estrutura municipal que se preocupe mais "com migo" e "com nosco".

Sonho com uma Lisboa-Cultura que me dê mais mundo e me faça ter menos saudades de Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, Nova Iorque...

Tenho esperança na realização dos meus sonhos.

Apoio a candidatura do Dr. António Costa à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa.

João Grosso
Actor

Beatriz Batarda: voto António Costa

Gosto de viver numa cidade chamada Lisboa, sinto-me pessoa nesta Lisboa, que parece ter sido feita à escala do Homem. Gostaria que a cidade pudesse acompanhar o que o futuro promete fazer chegar, sem que isso implique a perda da sua humanidade. Acredito nas qualidades humanas de António Costa, na sua integridade, seriedade, empenho e tranquilidade; acredito no seu projecto para Lisboa, que não passa por cima do “aqui e agora” nem procura ficar-se pela chamada “obra feita”; acredito que com António Costa esta cidade seja uma cidade de futuro com espaço e tempo para as pessoas que aqui vivem, que aqui crescem, que aqui trabalham, que aqui passeam e que aqui se descobrem.

Beatriz Batarda
Actriz

quinta-feira, outubro 08, 2009

Mafalda Arnauth: voto António Costa


Escrever sobre uma decisão que nasce puramente do instinto, das entranhas, da convicção e, felizmente, da fé legitimada pela obra que já está à vista, é realmente mais difícil do que imaginava. Não sou capaz de assumir uma posição partidária. Não sou capaz de celebrar, com total felicidade, a Liberdade para a qual nasci em 1974 porque é de mais em mais difícil sentir-me, no cenário actual, confiante, esclarecida, segura, representada, respeitada e realizada com o uso que fazem do meu voto.

Por isso, António Costa é um dos raros momentos em que escolho com o coração, voto com consciência e recomendo com satisfação.

Agradeço-lhe a dignidade que me transmite e o zelo que revela por uma cidade que, sem hesitações, confesso como um dos meus maiores Amores.

Agradeço-lhe a oportunidade de desafiar Lisboa ao voto, SEMPRE, e ao voto em António Costa.
Poucas coisas nos fazem sentir tão inteiros como sentirmo-nos parte de algo genuinamente positivo, construtivo e real.

Viva Lisboa!
Mafalda Arnauth
Fadista

Maria Armanda: voto António Costa



Apoio a candidatura UNIR LISBOA porque reconheço no Dr. António Costa capacidade, honorabilidade, rigor e organização para, de uma forma estruturada, defender a nossa cidade e todas as suas tradições artísticas e culturais, nomeadamente o Fado, como sua forma maior de expressão e o Teatro de Revista.

Apoio a sua eleição para presidente da Câmara Municipal «Desta Lisboa que eu Amo»!

Maria Armanda
Fadista

Carlos Paulo: voto António Costa


Apoio a candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa, porque o Rigor, a Honestidade, a Inteligência e a Coragem são valores de que nunca abdiquei na minha vida e que sempre apoiei nos que me rodeiam.

Porque a Câmara de Lisboa, não deverá ser uma luta de aparelhos partidários, mas sim, uma ampla convergência de consensos para tornar Lisboa numa cidade mais humana, com mais cultura, mais espaços de lazer e espaços verdes, e que apenas diz respeito aos que nela moram. Lisboa é uma das cidaes mais bonitas do mundo e merece ser tratada com o coração e não com o oportunismo, a arrogância e a falta de amor que, sempre que foi governada por "aparelhos", apenas serviram para destruir e descaracterizar a cidade. Porque acredito que António Costa é um homem de bem, estarei com ele em tudo o que for necessário para Amar Lisboa!
Carlos Paulo
Actor / Encenador

Maria Rueff: voto António Costa

Dizia-me uma professora de português do liceu Gil Vicente, na Graça – Lisboa, professora que muito me marcou, quando lhe perguntei de que partido era, que não era de “coisas partidas” e que só acreditava em pessoas e nas pessoas que fazem. Pois bem eu também não sou de “coisas partidas” e só acredito em pessoas. E o Dr. António Costa é definitivamente uma das pessoas que FAZ.
Porque amo Lisboa dou-lhe o meu voto de confiança.
Maria Rueff
Actriz

Rui Mendes: voto António Costa


Lisboa merece o melhor.
Merece quem a possa servir com Generosidade, Dedicação, Honestidade e Competência.
António Costa será o Presidente que pode tornar Lisboa uma cidade mais Civilizada e mais Humana..

Rui Mendes
Actor / Encenador

Mário Murteira: voto António Costa


Porque apoio a
CANDIDATURA DE ANTONIO COSTA À CÂMARA DE LISBOA

Com mais de setenta anos de vida, e uma curiosidade insaciável pelo mundo que me cerca, tenho viajado um pouco por todo o lado. Assim, estive em cidades variadas como Nova Iorque e São Francisco, São Paulo e Rio de Janeiro, Paris e Roma, Estocolmo, Budapeste e São Petersburgo, Luanda, Maputo e Cidade do Cabo, Goa, Mumbai e Nova Deli, Xangai e Pequim.

Por isso, posso afirmar com convicção e segurança: Lisboa é uma das mais belas cidades do planeta. Pelo seu contexto histórico e cultural, como também pelo seu quadro geográfico original. Lisboa é preciosa quer pela sua História, quer pela sua Geografia.

Por outro lado, num tempo em que a globalização, precisamente, ameaça a identidade da história e da geografia de cada «local», é necessário saber e poder valorizar a diferença específica de Lisboa, e ao mesmo tempo assegurar a competitividade estrutural e o desenvolvimento sustentado dessa economia urbana.

Sem esquecer que Lisboa é capital duma economia europeia periférica e deverá contribuir para um posicionamento favorável à convergência real da economia portuguesa nesse quadro europeu.

Com tais propósitos, importa formular e praticar estratégias coerentes em domínios variados como os seguintes:

•Defesa e recuperação do património histórico de locais e monumentos identitários da cidade.
•Valorização de áreas da cidade actualmente marginalizadas ou sub-aproveitadas mas que poderão contribuir decisivamente para o bem-estar dos lisboetas e para a valorização turística da cidade, como a zona ribeirinha, a Baixa pombalina, Ajuda e Belém, a possível complementariedade da chamada "Outra Banda".
•Promoção social e humana de áreas da periferia lisboeta, em que subsistem focos de violência, prostituição e droga, apesar de esforços feitos para a sua superação.

Enfim, em termos mais transversais e comuns, trata-se de assegurar, à escala urbana, infra-estruturas básicas e «amigas do ambiente» em matérias como transportes e comunicações, produção e distribuição de energia, além de serviços sociais de boa qualidade e acesso generalizado, quanto a educação e saúde.

Uma nota ainda, sobre um tema de grande delicadeza e actualidade, a por vezes chamada democracia cultural, que seria uma última etapa, do processo que na Europa passou, em primeiro lugar, pela democracia política, mais tarde pela social e finalmente, cultural. Portugal conquistou tardiamente a democracia política, está a procurar realizar a democracia social e defronta agora o último estádio do processo. Quando os movimentos migratórios, nos dois sentidos, se intensificam, e se multiplica a diversidade étnica e cultural, a criação de espaços favoráveis à convivência inter-cultural é objectivo primordial.

Este processo é particularmente necessário e delicado numa cidade como Lisboa.

É perante este quadro muito complexo, e ao mesmo tempo, exigente, que se torna necessária uma gestão realmente motivada pelo interesse público, numa democracia avançada política, social e culturalmente.

Por tudo isto, confio na personalidade de António Costa para se empenhar com seriedade e competência, em lugar de estratégias oportunistas de marketing pessoal, no desenvolvimento sustentado da cidade em que nasci.
Mário Murteira
Professor Catedrático Jubilado e Professor Emérito do ISCTE

Teresa Pizarro Beleza: apoio António Costa

António Costa dizia-me às vezes, quando me encontrava de manhã na Faculdade de Direito de Lisboa, onde eu ensinava e ele aprendia Direito: “Professora, estou cheio de fome, a minha Mãe é feminista e não me faz o pequeno-almoço….” Era a sua forma irónica mas carinhosa de brincar comigo e as minhas convicções. Eu não lhe levava a mal, certamente lhe respondia à letra, mas só recordo o princípio da conversa.

Quando mais tarde o descobri político empenhado – ele Ministro da Justiça, eu no Conselho Superior do Ministério Público – pensei que a Mãe dele, com ou sem pequeno-almoço, o teria preparado muito bem para a Vida. Como seria de esperar.

Hoje ele é Presidente da Câmara de Lisboa e eu dirijo a Faculdade de Direito da NOVA, a mais jovem escola da Universidade Nova de Lisboa. Além do horizonte físico que é o natural exlibris da minha Escola, o belíssimo Aqueduto das Águas Livres, o Campus universitário de Campolide precisa de horizontes urbanísticos e funcionais que em última linha dependerão de um responsável na Praça do Município que seja capaz, inteligente e sério. E que seja sensato. A cidade de Lisboa também, e de que maneira. A sua história e a sua luz inigualáveis, que espantam sempre os nossos alunos e professores estrangeiros, merecem um curador à altura.

António Costa é o candidato à medida certa. Espero bem que os e as Lisboetas tenham disto perfeita consciência e usem o seu voto como devem: reelegendo-o.

Teresa Pizarro Beleza
Professora / Directora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

André Gago: voto António Costa



Por vezes, a sorte dos artistas está nas mãos do acaso. Quando se é actor, uma boa parte das oportunidades de trabalho resulta de factores que escapam ao nosso controle estrito. É aquilo a que chamamos esperar que o telefone toque. O telefone já tocou algumas vezes, na minha vida profissional, para desafios inesperados e compensadores: inesperados porque ninguém antecipa ser realmente chamado para um papel que deseje; compensadores porque os desafios valeram sempre a pena. Com estas eleições para a Câmara de Lisboa, a coisa passou-se comigo de modo semelhante e ao mesmo tempo diverso: sem filiação política, tenho estado afastado de campanhas e envolvimentos cívicos na vida pública em geral. Mas a dado passo as perspectivas de entendimento ou falta dele quanto ao futuro da edilidade começaram a inquietar-me. E cheguei a uma conclusão clara: para mim, havia todas as razões para que António Costa continuasse a ser o nosso Presidente, e nenhuma razão para que deixasse de o ser. E desejava partilhar esta convicção profunda com o maior número possível de pessoas. Mas como poderia desempenhar eu um papel nesse processo? O telefone tocou, dias depois, Era alguém a desafiar-me para apoiar a recandidatura de António Costa à C.M.L. Por uma vez, o papel que queria poder desempenhar, como cidadão, veio parar às minhas mãos. Abraço este papel e esta oportunidade com ambas as mãos. Não é (felizmente!) um papel de protagonista: antes integro o grande coro dos cidadãos que, como os actores dos antigos coros do teatro, buscam no debate a voz comum que lhes permita realizar a grande convergência para poder interpretar, com universalidade, o espírito da cidade.
André Gago
Actor / Encenador

Rui Godinho: voto António Costa

PORQUE APOIO ANTÓNIO COSTA

Em 2007 apoiei a candidatura de António Costa numa lógica de, pelo menos, 2 mais 4 anos, face à situação crítica a que a CML e Lisboa tinham sido conduzidas.

António Costa cumpriu com sucesso os objectivos de pôr ordem nas contas da Câmara e preparar as bases estratégicas para um futuro de qualidade de vida na Cidade.

É, portanto, indispensável a sua reeleição, com vista a prosseguir o seu trabalho, agora num mandato completo, para que se concretize em definitivo a inversão do declínio e Lisboa possa enfim “respirar” de novo.

Só a Esquerda representada por António Costa e a sua equipa, está em condições de evitar “regressos” indesejáveis, e relançar Lisboa no caminho do verdadeiro desenvolvimento sustentável.
Rui Godinho
ex-Vice Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

António Borga: voto António Costa


Há séculos que Lisboa é descrita pelos visitantes de outros países que pela primeira vez a avistam como um sonho em forma de cidade. O problema está no facto de o sonho se ir tornando num semi-pesadelo, à medida que se penetra no espaço urbano.

Só isso explica que os que nela nascem a abandonem, com o sentimento de terem sido expulsos pelo demónio do trânsito, da falta de higiene, da degradação do património, da descaracterização negocista dos bairros, da ausência de espaços de lazer e convívio, da decadência das zonas comerciais exteriores aos shoppings e da insuportável falta de civismo que o desleixo de quem gere sempre fomenta.

António Costa vem na curta linha dos que se bateram contra algo que ao longo da história da cidade ganhou peso de fatalidade. Há séculos que Lisboa precisa de uma revolução urbana. Acredito que ele e a sua equipa, com o apoio de todos aqueles que partilham essa convicção, saberão tornar visível nos próximos quatro anos sinais marcantes dessa revolução. O voto em António Costa é um voto na requalificação de Lisboa, para usufruto nosso e das novas gerações.
António Borga
Jornalista

António Teodoro: apoio António Costa

Apoio a lista Unir Lisboa, encabeçada por António Costa.

Em primeiro lugar, porque é um salutável exercício de unidade que, por si só, representa um exemplo de possibilidades de convergência na construção de uma plataforma de trabalho e de mudança no governo da capital.

Em segundo lugar, porque apresenta um programa que coloca as pessoas no centro das preocupações da acção da Câmara. A cidade de Lisboa merece o esforço de convergência realizado, podendo transformar-se num bom espaço de experiência de participação cidadã.

António Teodoro
Professor Universitário /Coordenador do Observatório das Políticas de Educação

Vitor Serrão: voto António Costa

O meu apoio a António da Costa e à sua equipa para a eleição do governo da maior autarquia nacional é um dever de consciência e um imperativo de cidadania.

Não é só por razões de alternativa (ou falta dela) que subscrevo de coração aberto esta candidatura; é certo que os perigos que decorrem da possibilidade de uma vitória eleitoral da Direita são reais, mas essa razão não seria só por si suficiente para uma opção que precisa, antes der tudo, de ser consciente e responsável.

Na verdade, o que se passa é que Lisboa precisa que o bom trabalho de António Costa realizado no mandato que cessa seja, esforço sério para arrumar a casa desmantelada e travar favorecimentos e clientelismos, seja incrementado pelos eleitores e reforçado na sua expressão política.

Lisboa precisa de uma gestão democrática que alie o conhecimento responsável dos muitos e graves problemas que detém (a cabal gestão dos bairros, do património histórico mal conservado, dos museus carecentes de animação, da habitação envelhecida, da segurança fragilizada, da saúde precária, etc etc) à sensibilidade para os saber enfrentar, caso a caso, com intervenções cirúrgicas no tecido urbano que resguardem as suas valências patrimoniais e com medidas que favoreçam a qualidade de vida das populações.

Lisboa merece ser governada segundo o ponto de vista e a noção de uma Cidade aberta, limpa, que seja moderna justamente por se saber revitalizar em pleno respeito pelas suas memórias e remanescências, capaz de gerar sinergias entre os bairros e com as pessoas, animada por uma saudável comunhão com o rio e as colinas, apta a fixar população jovem nos bairros históricos, e que assegure necessários equipamentos sociais, que melhore e revitalize os museus municipais e os espaços de cultura aberta, os jardins e espaços de lazer, que garanta a segurança dos cidadãos, que estimule a criação artística e o conhecimento, que saiba inovar -- em suma -- com dimensão de futuro. A revitalização da Baixa Pombalina, tão acarinhada desde sempre por especialistas como o Prof. José-Augusto França, é uma dessas mais-valias.

Não é já o momento para se lamentar mais uma vez a oportunidade perdida de se retomar nesta eleição a experiência tão positiva de uma governação à Esquerda, através da união de interesses político-partidários distintos convergindo em programa para a boa gestão da Cidade. Inviabilizada essa possibilidade, que eu e muitos outros acalentámos como possível e desejável e que vários sectarismos e visões curtas inviabilizaram, este é o momento de unir esforços em torno desta candidatura.

António Costa dá garantias, pelo seu sentido de Estado e pela obra feita em várias instâncias, de que os grandes objectivos da sua candidatura serão encarados com responsabilidade, com espírito plural, com sensibilidade para lidar com os engulhos, abrindo possibilidades para o seu cabal cumprimento. Daí a razão do meu voto.
Vitor Serrão
Historiador de Arte / Professor Catedrático

António Torrado: voto António Costa

Gorado o projecto de uma frente ampla, projecto em que me empenhei, havia que concentrar os esforços em António Costa, o único capaz de derrotar a frenética obsessão por túneis de um outro candidato. Se têm de mexer no subsolo de Lisboa que o façam para prolongar a rede do metropolitano ou descobrir petróleo (no Beato?). Lisboa é uma cidade suave, de mansos costumes, em que não há que estimular a vertigem do trânsito de outras capitais do mundo.

Afirmo sem passadismo que o seu encanto reside no sentimento de bairro que alguns espaços (Campo de Ourique, Benfica, Penha de França, etc.) ainda mantêm.

Acredito que António Costa, neste renovado mandato, terá mais tempo para dedicar a sua atenção às especificidades da cidade e devolver a alma de Lisboa aos que nela habitam.

António Torrado
Escritor

quarta-feira, outubro 07, 2009

Luis Miguel Cintra: voto António Costa

Apoio a candidatura de António Costa e da sua equipa porque, como tantas outras pessoas, não quero a repetição da incompetência, da ignorância e da irresponsabilidade a que já estivemos sujeitos na Câmara de Lisboa. Mas também porque me parece que é um bom candidato, e por certo o melhor de entre aqueles em quem podemos votar. Acredito que ele desejaria uma cidade não muito diferente daquela por que, de muitas maneiras diferentes e cada um com a sua, os dois lutamos e lutámos: uma cidade com verdadeira vida colectiva, livre, feliz, com serviços públicos a funcionarem bem, com a participação de cada um, casas para todos, menos desigualdades, mais imaginação, mais confiança e solidariedade. E não estou a fazer marketing, essa arte de fazer passar gato por lebre, de que, creio, não gostamos os dois. Posso dizer dele como de já poucos políticos: é um homem de Esquerda. Vejo que António Costa conhece a baixa política, como tem de ser, mas tem da política uma ideia mais nobre: estar honestamente e da maneira que é possível ao serviço da Cidade. Com sentido de humor e sem desespero nem trafulhice, perante o mar de problemas e de becos sem saída em que Lisboa se transformou. Com um sentido concreto da realidade que quase ninguém tem e com pouca preguiça. Não é um fala-barato. Gosta mais de trabalhar. Quando voltar a ser o nosso Presidente da Câmara, já com menos dos problemas herdados que tanto trabalho lhe deram a desfazer, só espero que o não prenda a teia burocrática e pseudo-democrática, que o seu jogo limpo o obriga a respeitar. “Seja bem-vindo quem vier por bem.” Já temos razões para acreditar que sim. Assim o deixe esta Cidade.
Luis Miguel Cintra
Actor/Encenador