domingo, março 08, 2009

Albina Fernandes e todas as Mulheres

(Soissous, 5.1.1928 - Lisboa, 5.10.1970)
«são as mulheres como tu / que podem transformar o mundo» Joaquim Pessoa

Presa em 15.12.1961 com o companheiro Octávio Pato, recolheu à cadeia de Caxias com os pequeninos Isabel e Rui, tendo desencadeado uma luta com os agentes da Pide para que as crianças fossem entregues, na sua presença, aos avós paternos. Ameaçada de lhe tirarem os filhos para serem entregues numa instituição, dado os pais não serem casados e os registos estarem irregulares devido à situação de clandestinidade que viviam, Albina Fernandes deitava as crianças na única cama da cela enquanto se estendia no chão frio, sem qualquer agasalho, segurando nas suas as mãos dos meninos. Só a 10.1.1962 lhe foi autorizada a entrega das crianças aos avós.
A foto testemunha o insólito de uma presa política que, mesmo para a fotografia da praxe, recusa largar o seu bébé.
Albina e Octávio viriam a casar na cadeia em 1963. Saida em liberdade condicional em 1969, veria a pena do companheiro ser indefinidamente prorrogada. E o seu sistema nervoso, extremamente debilitado por oito anos de prisão e muitos mais de clandestinidade não resistiu à angústia de uma vida constantemente adiada. Simbolicamente ou não, enforcou-se no dia 5 de Outubro de 1970.
Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a minha homenagem a todas as Mulheres do meu país, sobretudo àquelas que, como Albina Fernandes, foram injustamente ficando pelo caminho, não chegando a viver os alvores da Liberdade por que tanto lutaram.



3 comentários:

Anónimo disse...

A outra "metade do Sol" teve um papel importante na resistência antifascista da qual a Albina Fernandes um um dos muitos exemplos, mas também uma vítima daquela sanha facínora.

Teresa David disse...

TODAS AS MULHERES COMO ESTA QUE LUTOU SEM INTERESSE NEM SEQUER CHEGANDO A VER FRUTOS DA SUA LUTA DEVERIAM SER DADAS A CONHECER A TODA A POPULAÇÃO.
BJS
TD

Jorge Castro (OrCa) disse...

Simbolicamente ou não... Vá lá saber-se porquê, tropecei nesta tua frase e não consigo sair dela.

Beijos.