domingo, maio 28, 2006

Testamento de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1993)



 Maria Helena Vieira da Silva (1908-1993) - retratada pelo marido
 
 
«TESTAMENTO» 

Eu lego aos meus amigos

Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento de duração.


(texto encontrado nos papéis de M Helena Vieira da Silva após a sua morte,
onde nos transmite a convicção de que as cores, simples matéria pigmentada, contêm afinal todo o arco-iris de que a vida é composta)

quarta-feira, maio 24, 2006

Braçadas de cravos vermelhos para ti, Fernando.

Fernando Bizarro



 
O Fernando partiu
Sem dizer adeus.
Foi embora,
simplesmente.

Revelou-me a blogosfera.
Abriu-me as portas.
Convidou-me.
Desafiou-me.
Empurrou-me.
Obrigou-me a entrar.

Fiz-lhe a vontade.
E fiquei a dever-lhe:

Blogstícios
Blognócios
Desafios
Sensações
Discussões
e Amizades

que... valeram a pena.
Que vão ficar.
Para sempre.

Obrigada, Fernando.
 
 
julia coutinho