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Maria Helena Vieira da Silva (1908-1993) - retratada pelo marido |
Eu lego aos meus amigos
Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento de duração.
(texto encontrado nos papéis de M Helena Vieira da Silva após a sua morte,
onde nos transmite a convicção de que as cores, simples matéria pigmentada, contêm afinal todo o arco-iris de que a vida é composta)
17 comentários:
Apenas posso legar aos meus amigos a minha falta de jeito para a puintura...
Adoro a Vieira... o trabalho da Vieira... e adoro este texto cujo original em francês publiquei algures no meu blog... creio que já por duas vezes durante estes dois anos de existência.
Obrigada por o divulgares também.
Um [].
Belíssimo! É pena não editares mais vezes, que só nos trazes maravilhas:) beijos
Tanto o quadro como as palavras mostram a grandeza dessa mulher enorme que foi a Vieira da Silva. Foi bem lê-la pois só a conhecia através da pintura.
Um abraço
Teresa David
Amiga,
Fico contente por continuares a postar.
Tenho de gostar da pintura, senão a minha cara metade dá-me cabo do toutiço!
Brincadeira!
Não conheciamos o "Testamento" da Vieira da Silva.
Aprendemos mais uma coisa contigo.
Boa semana.
Milú e José Gomes
...já tinha lido...mas é com renovado interesse que o leio de novo...um beijo...
Um bom testamento.
Não conhecia.
Obrigado por o teres partilhado connosco.
Beijinhos.
Justamente, cara Julia, lendo tuas palabras finais, tao acertadas, acho que infelizmente para eles e para quem tem a seu alrededor, existe gente que olha e vive a vida en branco e preto.
Beijao, e parabéns pela poesía selecçoada .
Um arco-íris de testamento.. bonito!
beijos minha querida!
e como me encontro nas cores e nos símbolos aqui deixados para nós. Vem juntar-te à festa. Festa grande lá em casa. Bjs e boa semana, Júlia
continuas com uma escrita... contagiante...
Parabens
e eu lego-te a minha ternura....a mais branca e oura.
gosto.te. muito.
E como é belo deixar assim todas as cores em testamento! Não conhecia. Obrigada.
Beijinhos
Olá Júlia
Embora eu ainda não tenha regressado (ao meu canto) espero que o possa fazer brevemente.
Quero agradecer de todo o coração a simpatia que tiveste para comigo.
Fiquei muito triste com a noticia, pois o Fernando era uma pessoa muito especial.
Um grande beijo
Ainda tenho presente
a sua última intervenção
numa expressão carente
lembrando a sua paixão
Com um abraço do Raul
Eu li, ontem, este belíssimo testamento. Comentei-o como belo que é, não devo ter clicado para o colocar. Tens que me desculpar, Júlia, mas esta última semana tem sido demasiado complicada em termos emocionais. Sinto-me semi desfeita, morta, triste, enlouquecida. Choro. Beijinhos para ti.
Parabéns Júlia, o seu blog é lindo!
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Um abraço amigo
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