quinta-feira, junho 15, 2006

Os poetas nunca morrem



Eugenio de Andrade (1923-2005) 






O Comum da Terra
(a Vasco Gonçalves)

Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.

14 de Maio de 1976

Eugénio de Andrade



14 comentários:

Perola Granito disse...

lindo post

wind disse...

Grande poeta que deixou uma obra!
bonita homenagem!
beijos

Nilson Barcelli disse...

Dois grandes homens numa poesia belíssima.
Beijinhos.

Maria Carvalho disse...

Sem dúvida. Os Poetas nunca morrem. Adoro Eugénio de Andrade. Beijos, bom fim de semana.

El Navegante disse...

Já tornarei para te acompanhar nas lembranças profundas, mas agora te invito a olhar a nova exposiçao que fize no blog, por paises, e los amigos que ganhei en eles.
Beijo

Manel do Montado disse...

Contra factos não há argumentos. Revelas aqui ultimamente três dos homens que indubitavelmente marcaram a história da política e das letras do século XX.
A figura de Vasco Gonçalves, um sonhador genuíno e um homem generoso, ficará para sempre ligada ao sonho que morreu com o V Governo provisório.
A dimensão de moderador de Álvaro Cunhal, a tal que nunca se saberá que ele possuía e que uma direita revanchista sempre ocultou, mostrando-o como um lobisomem servidor dos soviéticos, que efectivamente não foi, será somente do conhecimento de quem preza a história e não se intoxica com propaganda neo-liberal.
A história encarregar-se-á de fazer justiça? Tenho dúvidas, face ao que para aí já se escreve sobre os presos políticos e à cada vez mais ténue menção à luta civil contra o fascismo.
Beijo e obrigada por reforçares a memória destes homens, quer se goste deles ou não.
.

Fata Morgana disse...

Tens aqui um Memorial dedicado a grandes homens, muito grandes mesmo.
Eu deixo os meus cravos vermelhos para eles. E uma grande vénia de respeito e admiração para cada um...

A ti, minha Amiga, deixo montões de beijinhos e muitas saudades!
Temos de combinar uma borga qualquer, estou a precisar de me divertir que os finais de ano lectivo são sempre alucinantes.

Ana Luar disse...

Júliaaaaaaaaa minha grandeeeeee amiga... gosto de gente "grande" como tu,
grande em sentimentos
grande em palavras
grande de alma
e grande porque ser grande é ser como tu.
O post é semplesmente fantástico... com um poeta que me enche a alma.

Manuel Veiga disse...

"De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada..."

Os três foram "poetas" a sua maneira. Quiseram todos eles abrir as alamedas dos Futuro. Pela pela palavra poética ou pela acção política...

El Navegante disse...

Julia:
acho qe tevo que ser um grnade homem e melhor poeta Andrade, para mercer tuas palabras tao profundas, esplahadas do teu coraçao.
parabéns pel amemoria carilhosa de quem merece carinho, a+índa lhe recevendo no ceu, mais perto de vocé.
Beijao

Anónimo disse...

Deixo-te um beijoooooo grande como tu...

augustoM disse...

Confirma-se a inscrição para o jantar de homenagem ao Fernando. Até sábado
abraço
Augusto

Licínia Quitério disse...

Só hoje vi estes três posts e não ficaria de bem comigo se não registasse aqui a minha homenagem a três Homens que me fazem ter orgulho de serem do meu País e do meu Tempo. Viverão sempre na memória daqueles a quem ensinaram os caminhos da Liberdade, da Generosidade e do Sonho.
Bem hajas pelo teu trabalho também aqui no espaço virtual.
Abraço.
Licínia

Anónimo disse...

Acho que o Fernando fez um optimo trabalho aqui, continuado por ti nestes excelentes posts que tens!

Um beijinho e até à próxima.