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Antonio Charrua (Lisboa 6 Maio 1925 - Évora 21 Agosto 2008), foto de Frederico Mira George, 2002 |
O pintor morreu ... e foi ontem a enterrar, em Évora.
Talvez agora lhe (re) conheçam a Obra. É verdade que existem pessoas discretas sem apetência para se colocarem em bicos dos pés e António Charrua pertencia a essa rara estirpe. Cônscio do silenciamento a que o Homem e a Obra haviam sido votados, fez questão de referir em 2001: "paira sobre toda a minha obra uma ideia de morte, mas também a sua recusa".
António Charrua frequentou Arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, não tendo terminado o curso. Começa por expôr no Porto, em 1953, e nesse mesmo ano participa na VII Exposição Geral de Artes Plásticas, na SNBA, em Lisboa. Esteve ligado aos "artistas resistentes" e foi sócio fundador da Cooperativa dos Gravadores Portugueses, GRAVURA, em 1956. Foi um dos 50 Independentes que expuseram em 1959 na SNBA. Em 1960 foi galardoado pela Fundação Calouste Gulbenkian, onde está representado. Dedicou-se à pintura, à escultura, gravura e cerâmica.
Nascido em Lisboa em 6 de Maio de 1925, há muito que se recolhera à casa da família, na velha Rua da Mouraria, em Évora. E foi esta cidade alentejana que em 2005 lhe prestou homenagem instalando-lhe a escultura, - "Diálogo de Ícaro com o Sol" -, numa das rotundas da cidade.
Por sua vez, também o Museu Municipal de Évora havia organizado uma retrospectiva da sua obra, com a edição de um excelente catálogo, em 2001.
A revista Arquitectura e Vida entrevistou-o nessa altura. Invocando André Malraux para afirmar a "livre forma das Vozes do Silêncio", Antonio Charrua confessa:
"(...) o gesto é para mim decorrente da emergência da própria força do acaso que deverá ser assumida, embora nem sempre ele faça lei. Encontro-o tão exacto e irrepetível quanto a própria vida... como quando encontramos alguém no decorrer da existência. Há sempre uma timidez, uma supressão no humano. Nunca dizemos suficientemente as coisas essenciais às pessoas importantes, como por exemplo isto: amo-te."
Por sua vez, também o Museu Municipal de Évora havia organizado uma retrospectiva da sua obra, com a edição de um excelente catálogo, em 2001.
A revista Arquitectura e Vida entrevistou-o nessa altura. Invocando André Malraux para afirmar a "livre forma das Vozes do Silêncio", Antonio Charrua confessa:
"(...) o gesto é para mim decorrente da emergência da própria força do acaso que deverá ser assumida, embora nem sempre ele faça lei. Encontro-o tão exacto e irrepetível quanto a própria vida... como quando encontramos alguém no decorrer da existência. Há sempre uma timidez, uma supressão no humano. Nunca dizemos suficientemente as coisas essenciais às pessoas importantes, como por exemplo isto: amo-te."
Desapareceu um Homem e um Artista singulares. Que sabia não ser amado no seu país.