Vasco Santana (1898-13.6.1958) faleceu quando Lisboa festejava o seu santo padroeiro e o país era atravessado pelo "furacão Humberto Delgado". Jorge Leitão Ramos evoca agora, passados 50 anos, o actor que reinou na comédia portuguesa sem contudo esquecer Mirita Casimiro (1914-1970) a actriz com quem formou, durante anos, uma dupla imbatível, e depois perseguiu. Aqui fica uma faceta menos conhecida e pouco agradável do grande actor português.
"O homem das mulheres
A faceta de conquistador de Vasco Santana ficou lendária. Lendários ficaram também os amores mais duradouros, como os que teve com as actrizes Arminda Martins (com quem teria o futuro actor Henrique Santana), Aldina de Sousa (que viria a morrer em pleno sucesso de «O Meu Menino», em 1930, e foi mãe do segundo filho de Vasco, José Manuel) e, sobretudo, Mirita Casimiro.
No pequeno meio teatral lisboeta, Vasco terá conhecido a azougada beirã que descera de Viseu a Lisboa para se tornar uma das mais amadas actrizes do seu tempo, logo em 1934, quando se estreou na revista «Viva a Folia!». Em Maio de 1936 pisam pela primeira vez o palco, numa festa artística de Lucília Simões, fazem mais alguns trabalhos e, em 1937, estão juntos à cabeça do cartaz da revista «Olaré Quem Brinca». Entre os dois gerara-se uma paixão tumultuosa que toda a Lisboa havia de saber e seguir. Chegariam a casar (em 14 de Agosto de 1941), mas o mais importante foi a dupla que encabeçou êxito atrás de êxito, nessa primeira metade dos anos 40 em que a Europa estava em guerra, por aqui se vivia a neutralidade que Salazar assegurara e Lisboa, por uma vez, se tornava cidade cosmopolita, com o seu corrupio de refugiados, alguns deles célebres - e com direito, até, a figurar como miragem da liberdade no célebre «Casablanca».
Mirita Casimiro e Vasco Santana estiveram no Olimpo do teatro até 1946 - a grande girândola foi a revista «Alto Lá com o Charuto», meses e meses em cartaz no Variedades. Mas a paixão feneceu, o casamento desmoronou-se com escândalo, e Mirita iria penar em produções de segunda linha, já que o poder de Vasco Santana no teatro português era então suficiente para praticamente a banir da ribalta. E foi o que fez - uma faceta menos divertida do actor bonacheirão.
Mirita Casimiro partiria para o Brasil no final da década, e a sua carreira nunca mais se recompôs."
(Jorge Leitão Ramos in Actual, Expresso 13.6.2008)
Cansada de ser discriminada e boicotada em Portugal pelos principais empresários de revista, Mirita Casimiro parte para o Brasil em 1956 já com o segundo marido, o jornalista João Jacinto, e uma filha de ambos. Regressou apenas em 1964, seis anos após Vasco Santana ter falecido.
A partir de 65 trabalhou com o TEC, Teatro Experimental de Cascais, vila onde residia, e com eles fez peças como A Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca, Mar, de Miguel Torga, sendo de destacar o êxito de A Maluquinha de Arroios de André Brun que esteve um ano em cena.
Porém, em 1968 sofreu um grande desastre de viação com a actriz a ter de ser desencarcerada com graves traumatismos que a deixaram desfigurada e impossibilitada de voltar aos palcos. Entrou, então, numa espiral depressiva. Doente e cada vez mais isolada, sem o acolhimento ou reconhecimento esperados, acabou por suicidar-se com ingestão de comprimidos em 25 de Março de 1970. Foi sepultada em Viseu. Tinha 55 anos.
Beatriz Costa, que a conheceu bem, dedicou-lhe as seguintes palavras no livro de memórias Quando os Vascos eram Santanas: «Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz».
Mirita Casimiro partiria para o Brasil no final da década, e a sua carreira nunca mais se recompôs."
(Jorge Leitão Ramos in Actual, Expresso 13.6.2008)
Mirita Casimiro em Maria Papoila, o filme de Leitão de Barros, de 1937 |
no livro ‘Quando os
Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase
lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Mirita Casimiro, de seu nome Maria Zulmira Casimiro de Almeida, nasceu em Espinho quando a familia ali passava férias, em 10 Outubro 1914, mas sempre se considerou viseense já que de Viseu era toda a família e em Viseu foi criada. Era neta do grande cavaleiro tauromáquico Manuel Casimiro de Almeida, sendo também o pai e os irmãos ligados à chamada festa brava.Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Cansada de ser discriminada e boicotada em Portugal pelos principais empresários de revista, Mirita Casimiro parte para o Brasil em 1956 já com o segundo marido, o jornalista João Jacinto, e uma filha de ambos. Regressou apenas em 1964, seis anos após Vasco Santana ter falecido.
A partir de 65 trabalhou com o TEC, Teatro Experimental de Cascais, vila onde residia, e com eles fez peças como A Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca, Mar, de Miguel Torga, sendo de destacar o êxito de A Maluquinha de Arroios de André Brun que esteve um ano em cena.
Porém, em 1968 sofreu um grande desastre de viação com a actriz a ter de ser desencarcerada com graves traumatismos que a deixaram desfigurada e impossibilitada de voltar aos palcos. Entrou, então, numa espiral depressiva. Doente e cada vez mais isolada, sem o acolhimento ou reconhecimento esperados, acabou por suicidar-se com ingestão de comprimidos em 25 de Março de 1970. Foi sepultada em Viseu. Tinha 55 anos.
Beatriz Costa, que a conheceu bem, dedicou-lhe as seguintes palavras no livro de memórias Quando os Vascos eram Santanas: «Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz».
no livro ‘Quando os
Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase
lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz."
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
no livro ‘Quando os
Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase
lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz."
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
no livro ‘Quando os
Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase
lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz."
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Julia Coutinho Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
4 comentários:
Desconhecia esta parte da história do Teatro. Beijos.
Duas figuras maiores do nosso Teatro.
Bonita homenagem, aos dois.
Beijos
Parece muito bom um homenagem a Mirta. No outro dia, em um dos restaurantes em santana fizeram uma homenagem a algumas das grandes estrelas do passado, como Mirta.
Mas teve duas filhas, a Teresa e a mirita - não sei com quem...
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