Como se vê Portugal aí de fora?
"Encheu-me de orgulho a adaptação do Ensaio sobre a Cegueira, por Fernando Meirelles. (...) É importante que o mundo se aproprie dos nossos artistas, que os trate e os interprete. O filme de Saura, sobre os fados, emocionou-me muitíssimo. O Portugal que vale é o que está aberto ao mundo, se deixa apropriar. Não aquele fechado sobre si mesmo, com nostalgias absurdas. Como se pode ter nostalgia de tempos negros e opressivos? Quando vou a Portugal choca-me a catadupa de livros, séries e produtos à volta de Salazar. Parece-me um absurdo. Nos outros países não há uma nostalgia assim de um ditador. Romantiza-se um período, ocultando o horror da tortura e da guerra."
Absurdo e pouco ético, dizemos nós. As editoras descobriram a galinha dos ovos de oiro. Quem escreve, também. E os leitores vão sendo intoxicados.
3 comentários:
Não nos iludamos: se eles vendem á porque alguém os compra. E se alguém os compra porque será?
Beijo, Júlia.
Os livros sobre Salazar, publicados hoje, olho-os como todas as obras históricas, como todas as biografias em geral. Afinal tratam um período de dezenas de anos da nossa História contemporânea. Do seu rigor e qualidade ou das intenções dos autores, é uma questão que se coloca igualmente para outras obras do género. Nenhuma obra o ressuscitará - esse é o mérito de não haver ressurreição. E nem o salazarismo virá por aí - não venha ele por outras portas...! Portas novas... Portas...
Somos um povo sem emenda...
Já não bastava eleger pela via democrática políticos reconhecidamente corruptos (Felgueiras, Isaltinos e outros...) mas também gostamos de ditadores carniceiros.
A desculpa de que as editoras produzem o que vendem, não é decente. Há toda uma postura cívica, até deontológica, que deveria ser mais respeitada.
Ai dos pais, por exemplo, que só dessem de comer às suas crianças o que elas querem...
Bom fim de semana, beijinhos.
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