terça-feira, junho 03, 2008

O cravanço das maquinas encravadas

Ainda me lembro da pesada máquina de escrever mecânica onde me iniciei na escrita e da alegria quando comprei uma portátil. No início dos anos setenta troquei-a por uma eléctrica e sentia-me voar. Os toques nas teclas seguiam ao ritmo do pensamento. Hoje a electrónica invadiu as nossos vidas e já não prescindimos das milhentas máquinas e maquinetas automatizadas que nos impingem. Dos PC´s e da parafernália de acessórios. Dos telemóveis de várias gerações e afins. Consumistas compulsivos, trocamos estes objectos pelos modelos actualizados ou com design mais vistoso que o mercado nos oferece. Tornámo-nos electro-dependentes.
Também na via pública hoje dispomos de alguns serviços automáticos. Junto da minha casa tenho um posto dos CTT que me vende as franquias postais. Uma maquina para venda de preservativos à entrada da farmácia do meu prédio. Para já não falar nas caixas do multibanco.
Acontece que há dias meti cinco euros na maquina dos CTT e fiquei sem o dinheiro e sem os selos. Encravou, simplesmente. Telefonei. Fiz queixa. Recebi, passados dias, uma carta com um pedido de desculpas e... cinco euros em selos do correio! Pasmei. Afinal a burocracia já não é o que era. Há coisas que funcionam, e o serviço de Apoio aos Clientes dos CTT, funciona mesmo.
Poderei dizer o mesmo da CP ? Hoje precisei de viajar na linha de Cascais e tive que servir-me das máquinas automáticas para compra dos bilhetes. Com a pressa marquei para o fim da linha, Cascais (queria Parede). Tinha a pagar 1,65 euros. Coloquei 2 euros na ranhura. Recebi o bilhete e, em vez do troco, a mensagem "esta caixa está momentaneamente impedida de dar trocos" !
No regresso comprei bilhete nas máquinas de São Pedro. Marquei para o Cais do Sodré e constatei, estupefacta, que o valor pedido era o mesmo: 1,65 euros, correspondente ao transporte desde o início ao final da linha! Senti-me roubada. Tamanha desfaçatez no assalto ao bolso dos utentes causa indignação. Bem pode chamar-se o "cravanço" das máquinas encravadas.

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Nem mais! Subscrevo. Beijos.

Nilson Barcelli disse...

As máquinas são muito melhores, mas encravam mais.
E as de agora até nos roubam...

Beijinhos.