sábado, junho 14, 2008

A minha homenagem a Mirita Casimiro (1914-1970)

Vasco Santana (1898-13.6.1958) faleceu quando Lisboa festejava o seu santo padroeiro e o país era atravessado pelo "furacão Humberto Delgado". Jorge Leitão Ramos evoca agora, passados 50 anos, o actor que reinou na comédia portuguesa sem contudo esquecer Mirita Casimiro (1914-1970) a actriz com quem formou, durante anos, uma dupla imbatível, e depois perseguiu. Aqui fica uma faceta menos conhecida e pouco agradável do grande actor português.

"O homem das mulheres
A faceta de conquistador de Vasco Santana ficou lendária. Lendários ficaram também os amores mais duradouros, como os que teve com as actrizes Arminda Martins (com quem teria o futuro actor Henrique Santana), Aldina de Sousa (que viria a morrer em pleno sucesso de «O Meu Menino», em 1930, e foi mãe do segundo filho de Vasco, José Manuel) e, sobretudo, Mirita Casimiro.
No pequeno meio teatral lisboeta, Vasco terá conhecido a azougada beirã que descera de Viseu a Lisboa para se tornar uma das mais amadas actrizes do seu tempo, logo em 1934, quando se estreou na revista «Viva a Folia!». Em Maio de 1936 pisam pela primeira vez o palco, numa festa artística de Lucília Simões, fazem mais alguns trabalhos e, em 1937, estão juntos à cabeça do cartaz da revista «Olaré Quem Brinca». Entre os dois gerara-se uma paixão tumultuosa que toda a Lisboa havia de saber e seguir. Chegariam a casar (em 14 de Agosto de 1941), mas o mais importante foi a dupla que encabeçou êxito atrás de êxito, nessa primeira metade dos anos 40 em que a Europa estava em guerra, por aqui se vivia a neutralidade que Salazar assegurara e Lisboa, por uma vez, se tornava cidade cosmopolita, com o seu corrupio de refugiados, alguns deles célebres - e com direito, até, a figurar como miragem da liberdade no célebre «Casablanca».
Mirita Casimiro e Vasco Santana estiveram no Olimpo do teatro até 1946 - a grande girândola foi a revista «Alto Lá com o Charuto», meses e meses em cartaz no Variedades. Mas a paixão feneceu, o casamento desmoronou-se com escândalo, e Mirita iria penar em produções de segunda linha, já que o poder de Vasco Santana no teatro português era então suficiente para praticamente a banir da ribalta. E foi o que fez - uma faceta menos divertida do actor bonacheirão. 
Mirita Casimiro partiria para o Brasil no final da década, e a sua carreira nunca mais se recompôs." 
(Jorge Leitão Ramos in Actual, Expresso 13.6.2008)



Mirita Casimiro em Maria Papoila, o filme de Leitão de Barros, de 1937

no livro ‘Quando os Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz

Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Mirita Casimiro, de seu nome Maria Zulmira Casimiro de Almeida, nasceu em Espinho quando a familia ali passava férias, em 10 Outubro 1914, mas sempre se considerou viseense já que de Viseu era toda a família e em Viseu foi criada. Era neta do grande cavaleiro tauromáquico Manuel Casimiro de Almeida, sendo também o pai e os irmãos ligados à chamada festa brava.

Cansada de ser discriminada e boicotada em Portugal pelos principais empresários de revista, Mirita Casimiro parte para o Brasil em 1956 já com o segundo marido, o jornalista João Jacinto, e uma filha de ambos. Regressou apenas em 1964, seis anos após Vasco Santana ter falecido.

A partir de 65 trabalhou com o TEC, Teatro Experimental de Cascais, vila onde residia, e com eles fez peças como A Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca,  Mar, de Miguel Torga, sendo de destacar o êxito de A Maluquinha de Arroios de André Brun que esteve um ano em cena.

Porém, em 1968 sofreu um grande desastre de viação com a actriz a ter de ser desencarcerada com graves traumatismos que a deixaram desfigurada e impossibilitada de voltar aos palcos. Entrou, então, numa espiral depressiva. Doente e cada vez mais isolada, sem o acolhimento ou reconhecimento esperados, acabou por suicidar-se com ingestão de comprimidos em 25 de Março de 1970. Foi sepultada em Viseu. Tinha 55 anos.

Beatriz Costa, que a conheceu bem, dedicou-lhe as seguintes palavras no livro de memórias Quando os Vascos eram Santanas:  «Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz».

no livro ‘Quando os Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz."

Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
no livro ‘Quando os Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz."

Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
no livro ‘Quando os Vascos eram Santanas’, Beatriz Costa traçou-lhe o retrato numa frase lapidar: "Mirita foi a maior de todas nós, embora a menos feliz."

Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sem_saudades_na_lembranca_disse_adeus
Julia Coutinho

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Desconhecia esta parte da história do Teatro. Beijos.

Maria disse...

Duas figuras maiores do nosso Teatro.
Bonita homenagem, aos dois.

Beijos

Jorge Ramiro disse...

Parece muito bom um homenagem a Mirta. No outro dia, em um dos restaurantes em santana fizeram uma homenagem a algumas das grandes estrelas do passado, como Mirta.

Unknown disse...

Mas teve duas filhas, a Teresa e a mirita - não sei com quem...