domingo, junho 27, 2010

Carlos Pato: Resgatado do silêncio

Decorreu no sábado, dia 26 de Junho, uma sessão de homenagem a Carlos Pato (1920-1950) promovida pelo Partido Comunista Português, o seu partido de sempre.

A cerimónia realizou-se no salão do Clube Vilafranquense, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, numa sala a abarrotar de amigos, camaradas e familiares com especial destaque para os filhos, Maria Clara e João Carlos, genro, nora, e os netos, Rita, Gonçalo e Nuno.

Presentes ainda dois amigos especiais: a Luisa Duarte Santos que o viu pela última vez com vida em Caxias e seu marido Arquimedes da Silva Santos que com Carlos Pato esteve na génese do Movimento Neorealista e que também se encontrava preso na mesma ocasião. (ver relatos abaixo)


Pela voz de Armindo Miranda, responsável do PCP, foram lembrados os tempos duros e repressivos dos anos trinta e quarenta do século passado com a Guerra Civil de Espanha, a Segunda Grande Guerra, as lutas operárias ribeirinhas que envolveram homens como Soeiro Pereira Gomes e Alfredo Dinis - Alex (igualmente morto pela PIDE), a emergência do Movimento Neorealista de V F Xira, a relativa abertura do regime com o final da II Guerra que permitiu criar o MUD (Movimento de Unidade Democrática) e o MUD Juvenil, e a unidade oposicionista em torno da candidatura do General Norton de Matos em Janeiro de 1949.
Carlos Pato, que desde cedo se envolveu nas lutas político-sociais e culturais do seu tempo, bem como em todas as movimentações oposicionistas do após-guerra, para além de ser dirigente local do PCP pertenceu ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), à Comissão Eleitoral da candidatura de Norton de Matos e à direcção do Ginásio Artístico Vilafranquense, tendo exercido o cargo de presidente desde 1945 até ser preso em 1949.

No final houve uma romagem ao cemitério de Vila Franca de Xira no qual se incorporaram grande parte dos presentes.

Muitos cravos vermelhos para Carlos Pato. Cravos vermelhos aos molhos para um homem generoso e solidário que a repressão de Salazar e da PIDE não deixaram que pudesse viver para criar os filhos, conhecer os netos e chegar à Libertação do 25 de Abril!

A homenagem, convenhamos, pecou por tardia. É que, no entretanto, passaram 36 anos sobre a Revolução de Abril... Mas, como diz o povo: «mais vale tarde que nunca».

Fez-se justiça.


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