quinta-feira, dezembro 29, 2005
Feliz Ano Novo 2006
Admiro imenso os poetas, esses seres superiores que dominam a palavra e no-la transmitem depurada, trabalhada, reduzida à expressão mais simples, ao essencial. Mas um essencial profundo de infinita sabedoria e sensibilidade. Que nos entra pelos sentidos. E deixa saciados.
Como não sou poeta, recorro a Carlos Drumond de Andrade, para vos oferecer uma Receita de Ano Novo.
Um Ano Novo que desejo... ALEGRE!
Um Ano Novo ... sem Cavaco e tudo o que ele representa !
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
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13 comentários:
Estimada Júlia,
Foi com imenso prazer que aqui coloquei a justeza das tuas palavras e adicionei, tal como pediste, o magnifico Poema do Carlos Drummond de Andrade.
Fraternos Beijos,
As tuas palavras são um hino que se entende cheio de poesia!! Verdade. Quanto ao poema, não conhecia, só posso dizer que sim, é verdade, se não for cada um de nós a zelar pelo seu bom ano novo, não é de certeza ele que se vai preocupar connosco!! Como tudo aliás. Temos que merecê-lo...Beijos minha Amiga. Sinceros. Tu sabes.
Sabe que ainda começo ou sinto que o ano começa em outubro!?:)))ficou-me de miuda, era o começo das aulas,um ano novo,coisas e gentes novas.....Sem dar por isso encontro-me sempre num qualquer dia dos fins de setembro,quando o tempo começa a mudar e por aqui já estão caindo as folhas aos chopos e as bolotas pesadas se amontoam no chão,pois numa dessas tardes lá estou eu fazendo planos para o ano que vai começar:)))Por isso este 31 de dezembro tem sabor a festa dos "outros" , sinto-me assim como convidada:)e festejo claro!Bem um bom ano para si e parabens pelo blog.
annie hall do outsider
Engralçado, ontem também editei este texto:) Desejo-te um óptimo 2006.
...muito simpática a receita...se todos a seguissem talvez o mundo fosse melhor...mas a maioria das pessoas deixa a desejar em relação aos cozinhados...por isso é que temos este mundo...hehehe...;)...um beijo e bom ano novo...
É mesmo assim Julinha. Temos que ser nós a fazê-lo... com toda a nossa sabedoria. Para ti votos de um Bom Ano.
Beijos grandes
.. no proximo ano ficarei a espera de algo da tua autoria :) e ja agora se quiseres linkar-me.. :-/
Olá Júlia, agora já pode organizar por aqui ( e dar-nos a conhecer também ) os seus muitos livros ( acho que comentou um post meu e disse que adorava livros de tal forma que reduziu a sua casa ao minímo para os poder " alojar", tal como um tio meu fez ). Bem-vinda e bom ano 2006.
Começa a despontar
a tua alma blogueira
e nós ficamos a gostar
desta escolha porreira
Continuação de Boas Festas e que o ano novo te transforme num blogueira de corpo e alma. Um abraço do Raul
Um Ano Novo ou um Novo Ano que diferença faz?
Se cada ser humano se esquece da receita no dia seguinte à festa,
Pois que vive numa permanente ambição e nunca se satisfaz!
Preferível seria
Comemorar uma nova era a cada dia,
Despedir das nossa mentes e corações
Tantas e tão mesquinhas ambições,
Não ao toque das doze costumeiras badaladas,
Mas antes ao nascer do sol e de mãos dadas,
Com todo o universo, num eterno recomeço.
Beijos
Olá Júlia,
Cheguei um pouco tarde para a inauguração, mas ainda a tempo de te deixar 2006 beijos e os desejos de que o Novo Ano seja repleto de coisas boas!
E deixo-te também um abraço de boas vindas à blogosfera!
Lina/Mar Revolto
Ora aí está uma bela homenagem... Só posso mesmo dizer-te: para ti, também, com um grande abraço.
Sou mesmo eu. A da boda molhada. Realmente foi engraçado e o poema do Carlos Drummond finalmente elucidamente sobre uma realidade sp sentida. Resta-nos concentrarmo-nos em "fazê-lo novo". Talvez assim venhamos a merecê-lo.
Beijo
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