sexta-feira, junho 01, 2007

No Aljube

Cadeia da Aljube de Lisboa




Num poço de treva te fecharam

mas as nascentes correm pelos teus cabelos



Tantas coisas no silêncio:

duas mãos que se apertam

com a noite em choro no asfalto

um cigarro que arde na penumbra

dum rosto um rolo preto

borrado de tinta preta

que rola torna a rolar.

- Terça-feira ninguém pega nos teares!



Nunca te sentiste tão perto dos homens

nem tanto amaste a vida sem temer a morte.



O respirar da cidade

faz vibrar as paredes do teu poço.

Mas em lugar de entranhas

não sentes amendoeiras floridas?

Tua mãe

leva-te de novo à escola pela mão...



A coragem-tesouro da Ilha Maravilhosa onde estava?



Foi a vida que o foi juntando

e o enterrou nas praias do Mar Mediterrâneo

que há dentro de cada um de nós.





António Borges Coelho, in Fortaleza, seara nova, 1974





3 comentários:

Manuel Veiga disse...

lição de vida: "Nunca te sentiste tão perto dos homens/nem tanto amaste a vida sem temer a morte".

beijos

António Pista disse...

Parabéns pelo blog!!
Continua com o bom trabalho!

Visita também:

http://aguia-de-ouro.blogspot.com/

Futebol e política num só!
Obrigado!

augustoM disse...

Olá Julinha
Tenho o prazer de convidar a estares presente na sessão de lançamento do meu livro “Onde estiveste, Jesus?”, que terá lugar no dia 21 de Junho de 2007 pelas 19h.30 no Bar Ondajazz, na travessa Arco de Jesus, 7 - Campo das Cebolas. Lisboa
Um beijo. Augusto