Domingo, dia 22 de Janeiro, realizam-se eleições.
Vamos eleger o cidadão que queremos para Presidente da República Portuguesa.
Como tema de reflexão, trago-vos um episódio da nossa História dos anos 40, sob o regime do Prof. Salazar, que se articula com outro episódio bem mais recente, sob o consulado do Prof. Cavaco Silva.
Antes de votar...
"Pense nisto:
Um dos papéis mais importantes – embora não dos mais conhecidos previstos na Constituição da República Portuguesa para o cargo de Presidente da República é o da concessão de «perdões» ou «indultos», como recurso de última instância perante uma grave injustiça praticada pelo sistema judicial.
De facto, em momentos excepcionais da história, em nome de valores mais altos, tal como o da dignidade humana, alguns cidadãos são obrigados a agir contra a letra da lei.
Perante esses casos, o sistema judicial ou administrativo pode ver-se de mãos atadas, tendo de aplicar cegamente uma lei, ainda que ciente de estar a cometer uma injustiça ao punir quem violou a lei em nome de valores mais altos.
Um caso exemplar desse tipo de situação aconteceu, durante a Segunda Guerra Mundial, com o Cônsul Português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes.
Simultaneamente confrontado com o terrível destino a que estavam sujeitos os cidadãos judeus que fugiam do holocausto nazi – e para quem a única esperança de sobrevivência era alcançar Portugal e daí partir para um destino seguro – e com as ordens expressas de Salazar para que não lhes fossem concedidos vistos de entrada em Portugal, Aristides de Sousa Mendes optou por violar a lei e as determinações hierárquicas, em nome do princípio mais alto da salvaguarda da vida humana.
Sumariamente despedido por Salazar, Aristides de Sousa Mendes viria a morrer na miséria, privado de pensão e de todas as regalias da carreira diplomática.
Quando, de 1985 a 1987, se procurou reabilitar a memória de Aristides de Sousa Mendes, reintegrando-o a título póstumo na carreira diplomática e apresentando o pedido de desculpas do Governo Português à família do diplomata, essas diligências encontraram a oposição declarada do então Primeiro-Ministro, Aníbal Cavaco Silva.
De acordo com o chefe do governo, por muito louváveis que fossem as intenções do diplomata português, o facto é que tinha desobedecido a uma ordem directa do Presidente do Conselho e que, em iguais circunstâncias, ele, Cavaco Silva, teria procedido da mesma forma que o então Presidente do Conselho, pois não poderia aceitar uma insubordinação semelhante de um dos seus diplomatas.
Embora à letra da lei, o actual candidato a Presidente da República estivesse absolutamente correcto, a sua posição é moralmente condenável à luz de quaisquer princípios.
O cumprimento da lei de um estado soberano não pode estar acima da defesa dos princípios básicos da humanidade. Essa miopia que põe o cumprimento de uma regra escrita acima da defesa dos valores humanos é aquilo que distingue um mero burocrata de um verdadeiro líder. O motivo pelo qual a Constituição confere ao Presidente da República o direito de inverter a decisão de um tribunal penal é, precisamente, pelo reconhecimento da limitação de uma lei escrita no papel.
Um candidato que não percebe essa distinção não é digno de ser eleito Presidente da República, pois essa distinção é também a distinção entre um mero tecnocrata e um verdadeiro líder de uma nação".
Fonte: Associação República & Laicidade.
Vamos eleger o cidadão que queremos para Presidente da República Portuguesa.
Como tema de reflexão, trago-vos um episódio da nossa História dos anos 40, sob o regime do Prof. Salazar, que se articula com outro episódio bem mais recente, sob o consulado do Prof. Cavaco Silva.
Antes de votar...
"Pense nisto:
Um dos papéis mais importantes – embora não dos mais conhecidos previstos na Constituição da República Portuguesa para o cargo de Presidente da República é o da concessão de «perdões» ou «indultos», como recurso de última instância perante uma grave injustiça praticada pelo sistema judicial.
De facto, em momentos excepcionais da história, em nome de valores mais altos, tal como o da dignidade humana, alguns cidadãos são obrigados a agir contra a letra da lei.
Perante esses casos, o sistema judicial ou administrativo pode ver-se de mãos atadas, tendo de aplicar cegamente uma lei, ainda que ciente de estar a cometer uma injustiça ao punir quem violou a lei em nome de valores mais altos.
Um caso exemplar desse tipo de situação aconteceu, durante a Segunda Guerra Mundial, com o Cônsul Português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes.
Simultaneamente confrontado com o terrível destino a que estavam sujeitos os cidadãos judeus que fugiam do holocausto nazi – e para quem a única esperança de sobrevivência era alcançar Portugal e daí partir para um destino seguro – e com as ordens expressas de Salazar para que não lhes fossem concedidos vistos de entrada em Portugal, Aristides de Sousa Mendes optou por violar a lei e as determinações hierárquicas, em nome do princípio mais alto da salvaguarda da vida humana.
Sumariamente despedido por Salazar, Aristides de Sousa Mendes viria a morrer na miséria, privado de pensão e de todas as regalias da carreira diplomática.
Quando, de 1985 a 1987, se procurou reabilitar a memória de Aristides de Sousa Mendes, reintegrando-o a título póstumo na carreira diplomática e apresentando o pedido de desculpas do Governo Português à família do diplomata, essas diligências encontraram a oposição declarada do então Primeiro-Ministro, Aníbal Cavaco Silva.
De acordo com o chefe do governo, por muito louváveis que fossem as intenções do diplomata português, o facto é que tinha desobedecido a uma ordem directa do Presidente do Conselho e que, em iguais circunstâncias, ele, Cavaco Silva, teria procedido da mesma forma que o então Presidente do Conselho, pois não poderia aceitar uma insubordinação semelhante de um dos seus diplomatas.
Embora à letra da lei, o actual candidato a Presidente da República estivesse absolutamente correcto, a sua posição é moralmente condenável à luz de quaisquer princípios.
O cumprimento da lei de um estado soberano não pode estar acima da defesa dos princípios básicos da humanidade. Essa miopia que põe o cumprimento de uma regra escrita acima da defesa dos valores humanos é aquilo que distingue um mero burocrata de um verdadeiro líder. O motivo pelo qual a Constituição confere ao Presidente da República o direito de inverter a decisão de um tribunal penal é, precisamente, pelo reconhecimento da limitação de uma lei escrita no papel.
Um candidato que não percebe essa distinção não é digno de ser eleito Presidente da República, pois essa distinção é também a distinção entre um mero tecnocrata e um verdadeiro líder de uma nação".
Fonte: Associação República & Laicidade.
VOTE! CUMPRA O SEU DEVER DE CIDADÃO! MAS... VOTE EM CONSCIÊNCIA!
22 comentários:
Um texto exemplar.
Para reflectir...
Olá Julia
PARABÉNS por este FABULOSO texto.
E VAMOS LÁ VOTAR EM CONSCIÊNCIA!
Beijinhos
Bfs
Parabéns Júlia pela oportunidade deste post. Inteiramente de acordo com a tua opinião acerca do procedimento do então 1º. Ministro Cavaco Silva. Não conhecia este episódio mas a sua atitude não me surpreende, porquanto este tipo de pessoas a mim nunca me engaram ou enganam. Pela importância do conteúdo vou fazer a sua divulgação. Com um abraço do Raul
Texto muito oportuno. Beijinhos, Júlia, bom fim de semana.
Olá Júlia:-)
Depois disto vou votar em consciência e Bem;-)Vai ser um voto na vertical;-)
visita-me:-)
Um beijo terno:-)
PS-Deixa-me que te louve pela tentativa;-)
Post exemplar para reflectir!Nunca é demais lembrar aos mais esquecidos o que foi essa figura politica que agora se apresenta a candidato. Uma mão não lava a outra, e por ele ser candidato não se vai passar uma esponja no seu passado..Um abraço
O que dói é um país analfabeto, atrasado, esquecido nas margens, suspirando por sebastiânicas figuras.
Resta-nos o tempo e o silêncio. Por dez anos que nos custe.Morrer antes, não é melhor!
Oportuno texto, minha amiga. Se o problema destas eleições está nos "indecisos", julgo que algum indeciso de mente clara e aberta o deixará de ser perante o exemplo que nos trazes.
Um grande abraço... e, dia 22, votemos alegremente!
MAGNÍFICO TEXTO de reflexão.
Magnífica a cantiga de hoje.
Domingo é imperioso ir com a nossa livre e fraterna alegria votar.
Um ABRAÇO
Lá estarei amanhã!
Um beijo para ti
é por isso que o gramo... sobretudo a amarinhar coqueiros...
Desconhecia também este episódio. Na verdade, nem sequer é assim tão surpreendente: é coerente com a definição de Cavaco Silva... não se esperaria outra coisa dele. Vem apenas confirmar a sua "desinteligente" inflexibilidade e visão das coisas... resume precisamente aquilo de que não precisamos de um PR!!!
Temo que a maior parte dos portugueses se deixe enganar pelas campnhas milionárias.
Eu irei votar em consciência.
Excelente texto
Belo trabalho! Gosto de ler o que nos faz pensar.
Podeis ficar descansada que votarei conscientemente face à minha consciencia. Infelizmente, muito irão com "ela" de férias...
Querida Júlia, texto oportuno é certo e com o frio que temos tido nestes dias de Janeiro, Cavacos só mesmo na lareira para aquecer o ambiente.
Nunca votaria Cavaco nem para Presidente do Sport Club Carcavelinhos quanto mais!
Desde que o "alarve comedor de Bolo Rei" mostrou a sua enorme arrogância no primeiro congresso após o assassinato de Sá Carneiro que eu sempre o disse publicamente a quem quis ouvir: dêem-lhe "guita" e o "papagaio" vai ser pior que o Oliveira Botas.
Vendeu o país às multinacionais e devolveu aos grandes capitalistas do antigamente todo o poder com um despudor e despotismo dignos daquilo que é e mostrou ser sempre: um vilão de cajado na mão!
Como sou Anarquista "graças a Deus", vou votar em consciência.
Beijos
Leonilde Santos (Noel Santa Rosa)
Obrigada pelo teu texto que nos faz mesmo reflectir.
Lá estarei amanhã com o meu voto bem reflectido, podes crer.
Um beijo com amizade e óptimo domingo :)
Está tudo muito bem ... o homem era um humanista! ... O drama é que os tipos que ele salvou de morte certa emigraram para a Palestina, ocuparam-na, mataram, pilharam e violaram quem lá vivia pacificamente e criaram um Estado religioso do mais fanático que existe ... E recriaram o holocausto! ... Claro que, como as novas vítimas não tinham o mesmo poderia económico, o mundo calou-se! Até hoje ....
Sendero,
Então Sousa Mendes devia tê-los deixado morrer?
O anti-semitismo de esquerda é tão cego como o de direita.
Já agora, alguém sabe qual o papel de Cavaco no processo de reabilitição de Barros Bastos?
Não gostei do comentario do sendero , mas felizmente hoje cada um pode ter a sua opnião expressa publicamente .Relembro no entanto que simplificar o que se passa na palestina a chamar de assasinos aos judeus não será a visão mais correcta da situação,para alem do facto de haver muitos sobreviventes do holocasto ou seus familiares descendentes que não gostem de injustamente serem chamados de assasinos.
Mas hoje há eleições e não é segredo nenhum de que gostaria de ter um poeta representando o pais :)annie hall do outsider
Gostava apenas de explicar ao metralhinha que não se trata de anti-semitismo de esquerda ... mas de anti-sionisto. Sim, isso sim: anti-sionismo! Que, de acordo com uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, é uma forma de aparthaid!
Aproveito para para esclarecer o anonymous que se os sobreviventes do holocausto ou os seus familiares não gostam de ser apelidades de assassinos ... então, não deviam assassinar! ... Deviam ter aprendido com a História e não reproduzir com os mais fracos - e legítimos habitantes da palestina - aquilo que sofreram com os nazis. Porque na verdade, entre hitlerianos ou israelitas estamos entre as duas faces da moeda nazi.
Lá porque uma maioria composta por países profundamente democráticos e respeitadores dos direitos humanos decretou ex-cathedra que o sionismo é «Apartaide» isso passa a ser um dogma e como tal para ser acreditado de fé, portanto acriticamente.
Sionismo: movimento iniciado no séc. XIX que pretendia o restabelecimento dum estado que albergasse os judeus da diáspora perseguidos há quase dois séculos. Culmina com a fundação do Estado de Israel em 1948 na sequência duma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, logo isso passa a ser um dogma e como tal para acreditado ser de fé, portanto acriticamente.
Hoje, mais de 100 anos depois do processo se ter iniciado, temos 3 soluções: 1. matamos todos os judeus; 2. matamos todos os «árabes»; 3. procuramos uma qualquer forma de entendimento que passe sobre toda a mesquinhez e preconceito.
Olá Julia ,só hoje descobri o seu blog .Eu já sabia desta atitude do prof Cavaco que me foi contada pela D.´Fernanda ,que viveu em casa do Dr .Aristides no tempo que que ele era consul em Bordeus e o acompanhou até aos ultimos dias de vida dele e da Sra D.Angelina .Este episodio foi o suficiente para nunca votar no Dr.Cavaco .
Um beijinho e obrigada por divulgar
Carlota
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