sexta-feira, fevereiro 24, 2006

SOMOS TODOS ARGUIDOS !



logo de João Tito Basto







No dia 5 de Outubro de 2005 um conjunto de cidadãos concentrou-se frente à antiga sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, protestando contra a intenção de apagar da memória dos portugueses aquele espaço onde tanto mal foi infligido a milhares de homens e mulheres resistentes antifascistas.
 
Protestávamos contra a transformação do edifício num condomínio de luxo fechado.

Protestávamos pela história do edifício que se pretende apagada, silenciada.

Protestávamos porque as vozes das inúmeras vítimas assim nos exigiam e exigem.

Protestávamos, porque em vez da sede da polícia política e palco de torturas, aquele edifício passou a ser um antigo palácio da nobreza, palco de faustosos eventos, cujo historial termina, gloriosamente, com a conspiração de 1640. Tal a versão apregoada no site da imobiliária PAÇO DO DUQUE.

Como se a partir de 1640 o edifício da Antonio Maria Cardoso não tivesse uma História tenebrosa!

Para lutar por esta causa foi constituído o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!

Há dias dois membros do nosso movimento - o "Capitão de Abril" Duran Clemente e João de Almeida -, foram convocados pela PSP para prestar declarações sobre a sua participação naquela concentração do dia 5 de Outubro, tendo sido ouvidos no início da semana e constituidos arguidos.

Mas não foram apenas dois os elementos do NAM que estiveram frente à ex-sede da PIDE/DGS no dia 5 Outubro 2005. Não são apenas dois os arguidos. Somos Todos Arguidos!

Por estas razões os membros deste movimento decidiram convocar uma conferência de imprensa a fim de denunciarem esta manobra claramente persecutória e intimidatória para com os cidadãos que integram este movimento que cresce dia após dia.

Abaixo segue a nota enviada à imprensa.




Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória!" Convoca Conferência de Imprensa:

Convidamos os Órgãos de Comunicação Social para participarem na Conferência de Imprensa a realizar sexta-feira, dia 24 de Fevereiro 2006, às 18 horas, na Sede da Associação 25 de Abril - Rua da Misericórdia, 95, Lisboa - tendo como finalidade denunciar a inqualificável atitude persecutória das autoridades policiais sobre dois membros do Movimento Cívico "Não apaguem a Memória!" (o "capitão de Abril" Duran Clemente e João Almeida) e informar sobre os princípios orientadores e actividades deste Movimento. Os cidadãos referidos estarão presentes nesta Conferência de Imprensa.












7 comentários:

Anónimo disse...

Nunca mais se consegue nada?
Beijos Julinha.
Bom fim de semana.
Está melhor?

Maria Carvalho disse...

A minha opinião já foi emitida na minha assinatura. Um local que faz, realmente, parte da História triste deste País, não deveria ser destruído para que no futuro 'se apague a memória' e as novas gerações não saibam o que acontecia naquele sítio. Ser arguido porque houve uma manifestação, faz mesmo pensar que voltámos atrás??!! Espero que resulte algo de positivo do Movimento. Beijos para ti, Júlia, um bom fim de semana.

contradicoes disse...

Será que podemos esperar
a consolidação da liberdade
com a polícia a coartar
uma acção com legitimidade

Assiste pois, o direito
aos cidadãos de se manifestarem
independentemente do efeito
e dos responsáveis aceitarem

Já não é a primeira vez
que as autoridades exorbitam
demonstrando insensatez
nos procedimentos que aplicam

Com um abraço do Raul

Afrodite disse...

Já me inscrevi em http://lista.maismemoria.org/listinfo.cgi/todos-maismemoria.org.

Júlia,para além das acções a empreender relativamente a este caso, gostaria muito de participar na deslocação a Peniche.
Peniche diz-me tanto, mas recordo sobretudo três momentos:
1 -O dia da morte da minha avó: lembro as faces do meus dois tios, irmãos mais novos da minha mãe. Não tiveram autorização para ver a mãe. Eram perigosos criminosos, cumpriam uma pena de 3 anos e medidas de segurança (mais três anos): tinham sido acusados de distribuir panfletos à porta duma fábrica e de ter albergado em casa, durante uma noite, um membro do PCP. Os meus tios são gémeos. Ao entrar na prisão eram iguais como duas gotas de água. Quando sairam, era fácil distingui-los: as marcas das torturas não eram simétricas....
2 - O carinho das gentes de Peniche. Albergavam-nos em suas casas. Sentavam-nos à sua mesa.
3 - O desprezo da mesma gente, bem como dos familiares dos outros presos. Aos meus tios, o Partido pedira que se comportassem como se tivessem "rachado", ou seja, se tivessem tornado aliados dos guardas e polícia. Delatores, portanto. Era preciso preparar a fuga do José Magro.


Um beijo, amiga!
E que a memória se não apague!

Anónimo disse...

vou publicar o vosso protesto.
Um abraço, amiga.

Jorge Castro (OrCa) disse...

Como saberás, não estive presente no dia 24 por ter estado ocupado com outros "afazeres" bem longe de Lisboa, mas, ainda assim, tive oportunidade de divulgar entre um leque alargado de gente, esta "saga" de vil enquadramento.

Preocupante, claro, mas nada que não seja de esperar. A vida deve ser encarada, na verdade, como uma luta contínua reflectida em atitudes individuais (dos tais cidadãos...). Mal se "baixam as guardas" e aí temos os resultados. Há muita acomodação a sustentar estas atitudes do "poder sem limites" e lágrimas de crocodilo, por sí sós, não levam a nada.

O teu exemplo é um exemplo de atenção à vida e de combate. Mas quantos(as) há assim?

Muito "pão e circo" têm feito de um povo já anestesiado por meio século de ditadura (e mais uns anitos, para trás, de cultura do come-e-cala) nesta pasta amorfa em que, por vezes, me parece estarmos transformados.

E assim tudo vale. Não seremos, enquanto povo, dignos de nome ou de identidade, porque o poder não respeita sequer o povo que o elege como quem vai ao futebol.

É preciso, na verdade, desenvolver essa perspectiva e passar o testemunho de que cada um de nós conta e de que cada um de nós tem responsabilidades contínuas nessa coisa de que estamos imbuídos e que se chama vida... Assim como se respira.

Beijos.

Titas disse...

ando eu aqui feita tonta, à procura do cartoon que o CB te enviou (e tu não me reenviaste) e ... nada!
Tá mal!

jinho