Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes! E eu acreditava.
Acreditava,porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos. Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.Era no tempo em que os meus olhos eram os tais peixes verdes.Hoje são apenas os meus olhos.É pouco, mas é verdade:uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus
Eugénio de Andrade
6 comentários:
Este é um dos mais belos poemas de Eugénio de Andrade~.
Obrigado por o ter trazido hoje aqui.
É sempre bom voltar aqui.
...Mesmo quando temos o felino à espreita e a nossa presença não o espanta. Vir aqui é, sobretudo, mergulhar na lembrança daqueles a quem a Julia acende a memória.
Hoje, há uma luz imensa nas palavras de Eugénio de Andrade. Uma vez mais, parabéns Julia.
Voltarei. Um abração.
Eu adoro este poema do Eugénio de Andrade!! Daqueles poemas que se lêem vezes sem conta e de cada vez encontramos um significado...uma maravilha!! Beijos.
Já não lia isto há tanto tempo! Obrigada.
Bom domingo. Obrigada pela visita!
Nem todos os olhos vêem.
Gosto dos teus.
Diferentes dos meus.
eis um dos meus poemas preferidos, melhor dizendo, este é um dos "meus poemas..."
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