Há tempos numa palestra ouvi que os astros influenciam a nossa vida e muitos dos nossos empreendimentos estão potenciados desde que nascemos. Alguns seres transportam mesmo uma espécie de missão para a qual frequentemente se sentem compelidos e que abraçam ou não. Sinto-me tentada a acreditar.
O meu amigo João Manuel Firmino lançou agora O Crime dos Velhos da Camarra, onde resgata a memória do bisavô, João Baptista Firmino, um livre-pensador, republicano, maçon e carbonário que, na transicção do século XIX para o século XX é acusado, injustamente, de um crime, no Barreiro, e acaba por morrer na Cadeia do Limoeiro, precisamente quando a análise das provas o ilibavam. Um crime sinistro, num tempo de grandes convulsões politico-sociais e que ficou impune.
Para escrever este livro, o João passou os ultimos anos retirado do mundo. Tirou licença sabática e prejudicou a carreira. Deixou de ter tempos livres. Afastou-se dos amigos. A família teve que aceitar a sua ausência. Passou a viver entre arquivos, bibliotecas, livros e documentos. Só descansou quando finalmente o livro foi editado e posto em circulação. Fui ouvi-lo no dia 18. Fazia anos que morrera, de vergonha e sofrimento, 0 bisavô, esse homem que agora resgatara finalmente do silêncio de mais de um século. Missão cumprida.
2 comentários:
Só para te dizer que passei por aqui. Beijo, Júlia.
Este deve ter sido o trabalho da vida do teu amigo João Firmino, pelo empenho e dedicação a "tempo inteiro"...
Um beijo, Júlia
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