quarta-feira, junho 23, 2010

Homenagem a Carlos Pato (1)

Há dois anos evocámos aqui Carlos Pato, esse jovem de 29 anos que morreu cruelmente nos calabouços de Caxias, pelas 6,30 da madrugada do dia 26 de Junho de 1950, depois de brutalmente torturado pela PIDE e sem que lhe fosse prestada qualquer assistência médica.

A partir daí muitos desenvolvimentos se deram e eu pude ter noticias e contactar os filhos e netos de CP a quem muito agradeço o carinho manifestado e as informações fornecidas.

Quando perfazem 60 anos sobre esta tragédia que deixou orfãos de pai uma bébé de 20 meses (Maria Clara) e outro de apenas 5 (João Carlos), Carlos Pato vai ser finalmente homenageado pelo PCP, partido de que foi activo militante.

A homenagem terá lugar no próximo sábado, dia 26 de Junho, pelas 15h, no Clube Vilafranquense, colectividade em VF Xira a cuja direcção pertencia quando o prenderam em 28 de Maio de 1949. Haverá romangem ao cemitério local pelas 16 h.

Toda a Família Pato foi vítima de perseguição por Salazar. O irmão Octávio estava na clandestinidade quando Carlos morreu. Antes, haviam passado pelas prisões políticas um outro irmão, o Abel, e um primo, o Carlos, que de tão maltratado viria a falecer pouco depois. Maria Rodrigues Pato, sua mãe, foi uma vítima daqueles tempos sombrios: criou os netos (filhos do Octávio e de Carlos) e passou a vida a brigar com a polícia política para poder prestar apoio aos filhos, netos e nora, entretanto presos. Foram 30 anos a caminhar para os calabouços da PIDE.

Publicada em Agosto de 74 no Diário de Lisboa, a Carta Aberta a Octávio Pato foi escrita por António Guerra, um velho resistente antifascista de Vila Franca de Xira, entretanto falecido, e que até morrer tudo fez para manter viva a memória do seu amigo e camarada Carlos Pato.

Porque a consideramos um documento de extrema importância para se avaliar da dimensão desses tempos sombrios, aqui a deixamos para Memória Futura.












3 comentários:

com senso disse...

Amiga Júlia Coutinho
Grato por trazer a lume esta informação e por fazer com que a memória desses tempos crueis náo se perca.
É preciso divulgar que houve neste país um conjunto de homens e mulheres que pagaram com a própria vida a sua luta pot ideais e pelo bem comum.
Numa época de egoísmo e de apatia pelos interesses gerais é um verdadeiro serviço público partilhar o conhecimento destes factos.
Um beijinho com amizade.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Li , minha amiga Júlia , lembro-me muito bem , e de entre vários factos , o gosto deste Homem pela música...
Bem haja por dar nome e rosto a quem se bateu pela dignidade , num país em que este valor anda arredado da vida e de muitas condutas .
um abraço para si


__________JRMarto

________ José Ribeiro Marto

Luis Filipe Gomes disse...

Bem Hajas Júlia. A memória é fugaz. É fundamental lembrar até que ponto foi mau, para que o que já foi não volte a ser.