Capa do 1º numero da Seara Nova, 15 Outubro 1921 |
Confinada a quatro números por ano, a revista Seara Nova sobrevive. Mas não deixa de ser caricato (ou sintomático) que a Ditadura nunca tenha conseguido aniquilá-la e seja agora o regime democrático a ditar-lhe tal sorte. Com avanços e recuos, sempre a Seara cumpriu os objectivos por que surgiu. Foi um baluarte do ideário republicano e na sua sede, (durante muitos anos na Rua Luciano Cordeiro 103-1º), fizeram-se inúmeras reuniões oposicionistas e prepararam-se campanhas eleitorais, como por exemplo a de Arlindo Vicente, em 1958, na qual a PIDE conseguiu mesmo introduzir um bufo que informou, passo a passo, das diligências eleitorais. Saramago escreveu o primeiro editorial após Abril.
Em entrevista ao Primeiro de Janeiro, em 1937, Luís da Câmara Reys, um dos fundadores, relatava assim o surgimento da Seara Nova:
(...) Nasceu de uma reunião na Biblioteca Nacional, no gabinete do Director, onde me encontrei a convite de Raul Brandão, Raul Proença, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Macedo e Jaime Cortesão. Foi cerca do ano de 1920. Apareci ali sem saber qual era o fim da reunião. Pouco depois conhecia-o: era o de elaborar um programa de acção politica e social, um programa mínimo de realizações nacionais, em que pudessem colaborar todos os elementos sinceros e sãos da colectividade (...) O pequeno grupo inicial alargou o âmbito da sua acção, empregando vários elementos à esquerda e à direita. Deste modo se trabalhou durante alguns meses. Foi difícil e lenta esta acção. Atingiu-se a concretização de um certo número de ideias e normas e fez-se a eliminação dos que, por incompreensão ou interesse, não eram desejáveis ou não desejavam comprometer-se, o que vinha a dar ao mesmo (...) Um dia, os elementos afins reuniram novamente e decidiram fundar uma revista de doutrina e critica e organizar uma secção editorial, cuja base comercial foi a Empresa de Publicidade Seara Nova, [constituída em Maio de 1921, com sede na rua António Maria Cardoso, 26. Os corpos gerentes da empresa eram constituídos por Ferreira de Macedo – substituído em 1923 pelo Capitão Fernandes Duarte –, Jaime Cortesão e Luis Câmara Reys (Direcção), Faria de Vasconcelos, António Tomás Conceição Silva e Rodrigo Caeiro Vieira (Mesa da Assembleia Geral), João de Araújo Morais, João Maria Sant'Iago Prezado e José das Neves Leal (Conselho Fiscal)". Foi baptizada por Aquilino, que sugeriu a primeira palavra, [Seara] e por mim, que a completei com a segunda [Nova].
No momento em que escrevemos acaba de sair o Número de Verão/2008 - (Nº 1704) que se encontra à venda em alguns quiosques e livrarias, em número inferior ao desejável.
A assinatura anual é de 15 € para os quatro números do ano e pode ser feita por qualquer meio para a Seara Nova:
Rua Latino Coelho, 6 - 4º - Esq. / 1050 – 136 LISBOA
Telef. 213 555 407 - Fax 213 544 824
email: searanova@searanova.publ.pt
5 comentários:
Carissima Julia:
O que aqui se lê, recorda e aprende...Vale sempre a pena voar na liberdade e na memória do seu blog...Um abraço
Obrigado Júlia, pelo alerta quanto à situação da Seara e pela referência ao blog onde me penitencio, lançando alerta, por ter engrossado o caudal daqueles que a foram esquecendo.
Um abraço amigo
jab
obrigada pela visita lá na toca...
um beijo
beijo (de cumplicidade)...
Seguiu-me durante toda a minha vida!
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