Leio na Gazeta das Caldas e nem acredito. A Secla, essa fábrica mítica da minha infância, pioneira na inovação artística do design cerâmico e que deu emprego ao grosso dos homens e mulheres da minha terra, está condenada a fechar no final de Junho. Leio, mas recuso-me a crer. Não é possível que as entidades locais assistam a este descalabro e nada façam. Que o governo central igualmente lave as mãos. Que se deixe destruir um património cultural de referência local e nacional. E que se atire para o desemprego as inúmeras pessoas que ali trabalham, famílias inteiras em alguns casos, a maioria apenas conheceu aquele emprego.
Da Gazeta das Caldas de 13 Junho último:
«(...) um dos aspectos inovadores e mesmo revolucionários foi a existência [na Secla] de um atelier de criação, institucionalizado por um dos fundadores, Pinto Ribeiro (...) Por este atelier passaram algumas das figuras mais importantes da arte portuguesa, como Hansi Stael, Júlio Pomar, José Aurélio, Alice Jorge, António Quadros, Ian Hird, Ferreira da Silva, José Santa Bárbara e Miriam Câmara Leme.»
2 comentários:
É, de facto, uma tristeza.
E a Bordallo Pinheiro não fecha porque a Câmara Municipal lhe deitou uma mãozina (ou as duas, não sei bem em que termos).
O Jornal Avante já tinha feito um artigo de duas páginas sobre o assunto das 2 fábricas há umas 4 ou 5 semanas. Nem quis acreditar. Infelizmente veio a acontecer.
Mas não vamos ficar por aqui. Uma das que se segue é a Atlantis, em Alcobaça, porque os novos donos entendem que... loiça sim cristal não...
E devo dizer-te que o facto de ter algumas peças do Ferreira da Silva, da Stael, do Pomar ou do Santa Bárbara não me dão alegria nenhuma neste momento...
Obrigada por este post, Júlia
Existem situações mesmo inconcebíveis!!
Enviar um comentário