sábado, junho 21, 2008

M Teresa Horta: a minha solidariedade

No caderno Inimigo Público de 6 de Junho, leio:
"De 26 a 28 de Junho vai realizar-se um Congresso Feminista na Fundação Gulbenkian, organizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), cujas organizadoras prometem não queimar soutiens, para contrariar o estereótipo. "Nós somos mulheres modernas. Vamos destruir o novo símbolo da sujeição da mulher à vontade masculina: os implantes de silicone. Mas como eles são resistentes ao calor, vamos explodir duas tetas falsas, como os taliban fizeram aos dois budas Bamyan", explicou Maria Teresa Horta, uma das feministas envolvidas no congresso. "E aconselhamos vivamente todas as mulheres a verem o filme 'Sexo e a Cidade' e a não comerem pipocas, mas testículos de porco salteados, como forma de mostrar o desprezo pela pseudo- superioridade masculina", concluiu."
Acho inadmissível que um jornal sério, como o Público, se esconda atrás de um suposto caderno humorístico para ridicularizar um acontecimento tão relevante como o próximo Congresso Feminista. Execrável ainda que, para atingir esses fins, salte por cima de toda a ética e vá buscar o nome de uma feminista de primeira linha como a Maria Teresa Horta, colocando na sua boca palavras que nunca proferiu. Como pode um orgão de comunicação social, que deveria informar, permitir-se achincalhar um acontecimento como o que vai ocorrer no proximo fim de semana? E como pode insultar Maria Teresa Horta, uma mulher a quem todas as mulheres portuguesas devem alguma coisa? Pode não se concordar com as suas posições, pode não se ter qualquer simpatia pelas suas ideias, mas o que não pode deixar de existir é a ética no trabalho jornalístico e o respeito que se deve a todas as pessoas. Como mulher, sinto-me igualmente insultada. Aqui deixo a minha solidariedade à Teresa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mas essa senhora pode ofender os machistas modernos como eu e a falar a sério que por aí não se vislumbra nenhum problema, certo????

Poderá corrigir-me se estiver errado mas sendo afirmado é muito mais grave do que sendo satírico...

Saudações para si e felicidade para o seu blog.

J. C. S. J. disse...

Ó Júlia,

esse sentido de humor está muito em baixo... Então que se dirá do pobrezinho do Bush Jr. ou do Santana Lopes ou de tantos outros coitados que têm sido vítimas de escárnio no IP?
Veja a resposta do provedor do Público em
http://provedordoleitordopublico.blogspot.com/
2008/06/as-tropelias-de-o-inimigo-pblico.html
(notar que o endereço está cortado para caber)

Um beijinho

com senso disse...

A questão não é fazer-se ou não humor com coisas sérias.
Acho que o humor tem lugar na vida, podendo ser companheiro, mas podendo também ser adversário.

O texto em questão não me fez rir nem sorrir. É uma coisa ordinareca, sem ponta por onde se lhe pegue.

Creio que a Maria Teresa Horta não irá sequer perder tempo com isto, o que não invalida que quem a respeita, quem respeita a forma vertical como ela sempre lutou pelas suas convicções, não se sinta incomodado com estas boçalidades.

Rocha de Sousa disse...

Embora já tenhamos mantido corres-
pondência, só agora, obtido o ende-
reço do seu blog, e com mais tempo,
vim ver o seu atento percurso.Sau-
dações por tudo.
E aqui me coloco do lado da sua in-
dignação quanto áquela «mal-humora-
da brincadeira do Público. A ambi-
guidade e o recorte distorcido da-
quela intervenção boba só nos elu-
cida quanto a outros ruídos em qui-
proquo que andam por aí, como o en-
surdecedor Eixo do Mal. Aquilo é crítica política, charada, discus-
são de todos ao mesmo tempo ou ba-
lada do «Mal do Eixo». Eles estarão
convencidos do que é fazer um pro-
grama daqueles, lagível apenas à entrada e à saída, porque a brisa
melódica nos faz descansar?
Mas também penso que a Teresa Horta
se sentirá dispensada de falar para
tais «buracos negros».
Obrigado por ter comprado o meu li-
vro. Desta vez está cheio de gra-
lhas, mas embora isso incomode a
leitura, esta não deixa de se fazer.
Um abraço
Rocha de Sousa