João Rocha de Sousa (n, 1938) |
Belas-Artes e Segredos Conventuais é o livro que tardava e que em boa hora Rocha de Sousa acaba de lançar. Não é ainda o livro da história do ensino artístico que precisamos, mas vem dar um contributo fundamental para que essa História, finalmente, se comece a fazer. Este é o livro que faltava sobre a realidade da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa a partir da reforma de 57. Diz-nos dos contornos de um ensino obsoleto e desfasado, dominado por docentes no auge do anacronismo e onde não se vislumbrava sequer esboço de modernidade.
Foi escrito por quem sentiu a opressão como aluno e professor na velha escola de Lisboa e assistiu a reformas que nada reformaram. Que ali viveu o antes e o depois do 25 de Abril. Alguém que ama a Arte e o ensino artístico, e sabe que a Memória é a principal aliada da História.
livro editado pela Tartaruga, 2008 |
Palavras do autor ao JL de 4 do corrente:
«Desde os anos 50 à actualidade, o livro aborda os aspectos históricos concretos das várias reformas que houve na Belas-Artes, mas não com um carácter histórico ou de memorando. (...) é um romance que vai mostrando a vida do universo escolar numa altura particularmente estreita e amordaçada - o que era imposto pela própria direcção. É, sobretudo, uma memória, uma denúncia, e também uma nostalgia de certas coisas que se perderam no meio dos cercos feitos a cada um dos alunos. (...)»
(...)
«Fiz toda a minha carreira a partir de uma escola extremamente antiga e desactualizada para a época - que nos traumatizava por isso. Tínhamos que desempenhar os nossos talentos fora, em ateliers. (...) Enquanto professor, fui perseguido pelo director, numa altura em que tentei furar esse cerco da escola. (...) foi uma luta alucinante contra governos absolutamente autistas, para fazer ver que as artes são indispensáveis à formação e desenvolvimento do país.» (...)
Como apresenta Belas-Artes e Segredos Conventuais?
«Diria que o livro se refere, em parte, à realidade do ensino artístico português, que foi sendo transformado por algumas reformas, sempre atrasadas cerca de trinta anos. É preciso ter consciência dessa realidade, mesmo tendo já passado. Especialmente porque a maior parte dessas coisas se mantiveram e continuam a ser parte da natureza do país.»
Obrigada, prof. Rocha de Sousa.
julia coutinho
NOTA: O livro foi editado pela Tartaruga, e encontra-se à venda nos seguintes locais: Livraria Sá da Costa (Chiado), Livraria Ler (Campo de Ourique), Livraria da Faculdade de Belas-Artes, Galeria Valbom (av Conde Valbom 89-A) e em breve na Buchholz.
Mas basta ligarmos para a editora através do 919228593, fornecer os dados, e o livro chegará no dia seguinte, à cobrança, via CTT. Foi o que fiz.
2 comentários:
cara Júlia
Obrigado por esta sua atenção, nota
bem feita, solidária. Tenho-me sen-
tido menos sozinho (neste campo)com
a vossa contribuição.
Livro:dada a passagem para obras da
Sá da Costa,os senhores resolveram,
enquanto acabam os livros deles,
vender mais do meu e do anterior
«Culpa de Deus».Livraria Ler, em Campo de Ourique também tem. Loja na própria Faculdade de Belas Artes,Galeria Valbom.
Até a directora da Editora se re-
compor de uma operação que fez.
A Buchholz virá a ter e ouytros
lugares.
Foi azar, por um lado, mas ei acei-
tei que ela se esmarque de distri-
buidoras que levam 40% por livro.
E não se pode negar aos vendedores
30%. Este sistema deixa a editora a receber por preço de capa 30%
Obrigado por tudo
Rocha de Sousa
Uma bela referência. E por acaso até já tenho a quem oferecer um...
Grata pela mensagem que deixaste no blogue do Zé Gomes e que ele teve a amabilidade de me reenviar.
Como já sabes, estou afastada da blogosfera, pelo que é raro ler os comentários, mas fico-te muito agradecida pelas palavras que me deixaste.
Um abraço e tudo de BOM ;)
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